No dia 1º de julho, Trump publicou em seu perfil oficial no Truth Social que seus representantes conduziram “reuniões longas e produtivas” com autoridades israelenses e que o governo de Netanyahu teria aceitado os “termos necessários” para uma trégua temporária. O plano inclui troca de reféns e entrada de ajuda humanitária em Gaza sob supervisão internacional. Donald Trump ressurgiu no cenário diplomático internacional com uma proposta ousada: um cessar-fogo de 60 dias entre Israel e o Hamas. O anúncio foi feito logo após reuniões com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e mediadores estratégicos do Egito e do Catar países que historicamente transitam entre a neutralidade e o apoio velado a atores extremistas.
Trump publicou em seu perfil oficial no Truth Social que seus representantes conduziram “reuniões longas e produtivas” com autoridades israelenses e que o governo de Netanyahu teria aceitado os “termos necessários” para uma trégua temporária. O plano inclui troca de reféns e entrada de ajuda humanitária em Gaza sob supervisão internacional.
Mas a mensagem que mais chamou atenção veio com o tom direto que caracteriza o ex-presidente: um apelo aberto ao Hamas para que aceite a proposta “antes que a situação piore” uma frase que pode ser lida tanto como advertência quanto como chantagem diplomática.
Fontes da Reuters e da Associated Press confirmam que o apelo de Trump foi direcionado ao grupo palestino apoiado pelo Irã, pedindo que aceite o “plano final” de trégua. Até o momento, o Hamas mantém silêncio oficial e o mundo aguarda.
A proposta reacende o debate: estaríamos diante de uma chance real de pausa nas hostilidades ou apenas mais um capítulo de diplomacia performática com cálculo eleitoral?
Segundo fontes diplomáticas próximas ao caso, Israel já teria concordado em princípio com os termos. A resposta do Hamas, por outro lado, ainda não veio e isso já diz muito. O grupo terrorista, que mantém mais de 120 reféns (muitos possivelmente mortos), demonstra novamente que o sofrimento humano é apenas uma moeda de troca. O silêncio do Hamas é estratégico: cada segundo é uma negociação invisível.
O plano de Trump tenta reposicioná-lo como um mediador de crises globais às vésperas das eleições presidenciais americanas. Mas a pergunta que se impõe é: quem realmente ganha com essa proposta? Israel, ao aceitar discutir a troca de vidas inocentes por corpos, estaria abrindo precedente para futuras chantagens terroristas? E Trump, ao legitimar essa engenharia política, estaria comprando apoio internacional à custa da memória dos mortos?
A proposta, embora embalada como gesto de paz, é carregada de implicações morais e geopolíticas. Ao oferecer uma trégua temporária, Trump aparentemente ignora a estratégia de longo prazo do Hamas: deslegitimar Israel, enfraquecer sua segurança interna e manipular a opinião pública mundial a favor de uma falsa narrativa de “resistência humanitária”.
Não é a primeira vez que cessar-fogos são utilizados como instrumentos táticos para reagrupamento de forças jihadistas. Os 60 dias sugeridos podem, na prática, servir para o Hamas se rearmar, reorganizar túneis e propaganda, enquanto a comunidade internacional se engana com uma paz ilusória.
Israel, ao mesmo tempo, se vê entre dois mundos: o imperativo moral de trazer seus filhos para casa e a responsabilidade estratégica de não ceder à lógica da extorsão terrorista.
Mais do que um acordo, o plano de Trump parece ser um teste ético para o Ocidente. Estamos dispostos a premiar o mal em nome da estabilidade temporária? Estamos, mais uma vez, colocando o terror e a civilização na mesma mesa como se fossem lados legítimos de um mesmo jogo?
A paz é urgente. Mas nunca foi tão perigosa.
Mila Schneider Lavelle é jornalista com formação também em teologia e especialista em Marketing, tendo atuado como Head Manager de grandes projetos internacionais e nacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital, com ênfase em geopolítica e temas internacionais, sobretudo ligados ao Oriente Médio.