O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte, ameaçou sanções contra o Brasil e outros países do Brics caso a Rússia não aceite um cessar-fogo com a Ucrânia. A ameaça foi feita nesta terça-feira (15/7), durante visita aos Estados Unidos, onde o chefe da aliança militar se reuniu com o presidente Donald Trump.
“Se a Rússia não levar a sério as negociações de paz, em 50 dias ele [Trump] aplicará sanções secundárias a países como Índia, China e Brasil”, disse Rutte à repórteres após reunião com congressistas nos EUA. “Meu incentivo para esses três países em particular é que você pode querer dar uma olhada nisso, porque pode te atingir muito forte. Então, por favor, ligue para Putin e diga a ele que ele precisa levar a sério os acordos de paz, porque, caso contrário, isso vai acontecer no Brasil, na China e na Índia”.
A possibilidade de aplicar sanções secundárias contra países que negociam com a Rússia, apesar do conflito na Ucrânia, havia sido levantada pelo presidente norte-americano na segunda-feira (14/7). No mesmo dia, Trump se mostrou “decepcionado” com Putin, e deu um prazo de 50 dias para que a Rússia avance em um acordo sobre a guerra no Leste Europeu, ou poderá ser alvo de tarifas que podem chegar a casa dos 100%.
Segundo o chefe da aliança militar, composta por 32 países, a retaliação econômica contra parceiros comerciais da Rússia é uma forma de colocar “pressão máxima” sobre o governo de Vladimir Putin. Rutte ainda acrescentou que, além do Brasil, Índia e China podem ser atingidos por tarifas de até 100% — justamente três dos cinco países fundadores dos Brics, grupo que tem sido alvo de críticas de Donald Trump.
Situação do Brasil
Atualmente, o governo brasileiro já enfrenta problemas com a coalizão que o alçou ao poder em 2022, apesar de o político enfrentar acusações judiciais. No último dia 9 de julho, Trump anunciou uma taxa de 50% sobre exportações do produtos do Brasil para os EUA.
Em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder norte-americano afirmou que a retaliação econômica foi motivada pelo julgamento de Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente apontado como o líder de uma organização criminosa que tentou realizar um golpe de Estado em 2022.
Segundo a Casa Branca, a nova tarifa contra as exportações brasileiras entra em vigor no próximo dia 1º de agosto.