Um novo episódio da guerra silenciosa entre Israel e Irã pode ter acabado de acontecer sem tiros, sem explosões públicas, mas com um corte brutal: o colapso completo das comunicações digitais em todo o território iraniano.
Na noite de terça-feira, 17 de junho, o Irã mergulhou em um apagão digital. Segundo a organização internacional NetBlocks, operadoras celulares e redes fixas passaram a reduzir drasticamente o tráfego de dados, num movimento que apontava para uma operação coordenada de censura e contenção.
Blackout total
Na quarta-feira, 18 de junho, o colapso se intensificou a níveis críticos. O tráfego de internet despencou para cerca de 3% do volume normal. O país foi, na prática, desconectado.
Câmeras de vigilância saíram do ar simultaneamente. Sites governamentais ficaram inacessíveis. E a população, isolada digitalmente, mergulhou em um silêncio imposto pelo próprio regime.
Capturas de tela divulgadas por plataformas de monitoramento e jornalistas internacionais exibiam a mesma mensagem:
“Iran’s internet is DOWN. The cams will resume when connection returns.”
“A internet do Irã está FORA DO AR. As câmeras voltarão quando a conexão for restabelecida.”
O elo com o Mossad: coincidência ou operação?
O episódio ocorre menos de 24 horas após rumores de que o Mossad, serviço secreto israelense, teria coordenado ações cibernéticas e físicas contra alvos estratégicos iranianos.
Entre os alvos: a sede da emissora estatal IRIB, atingida por um ataque aéreo de alta precisão, que interrompeu a transmissão de forma abrupta.
O que sabemos até agora?
Segundo a NetBlocks, entre 22h e 23h (horário local) do dia 17, o tráfego de internet no Irã caiu mais de 97%. A falha afetou desde usuários civis até servidores institucionais e sistemas bancários.
O grupo hacker Predatory Sparrow, já associado informalmente a operações anteriores atribuídas a Israel, reivindicou ataques contra infraestruturas financeiras, como o banco estatal Sepah. Não há, até o momento, confirmação independente dos danos.
Mossad invadiu a TV iraniana?
Circula nas redes sociais a teoria de que o Mossad teria “sequestrado” transmissões da TV iraniana antes do blackout. Contudo, não há evidências públicas que sustentem essa versão.
O que foi confirmado por fontes como Associated Press e BBC é o ataque aéreo direto à sede da IRIB.
Fontes do governo iraniano classificaram o evento como “uma tentativa de desestabilização externa”, justificando a suspensão da internet como medida de “segurança nacional”.
Censura preventiva ou desespero estratégico?
A ofensiva israelense digital e física vem se intensificando desde os ataques coordenados do Hezbollah, Houthis e Hamas contra Israel na última semana.
Refinarias, silos de mísseis e centros de comando iranianos têm sido atingidos dentro e fora do território. Em resposta, o regime iraniano desliga seu próprio povo do mundo.
Esse blackout pode ser o reflexo mais extremo de um regime que teme tanto o inimigo externo quanto o levante interno. Cortar a internet é, historicamente, uma tática autoritária para controlar a narrativa e impedir revoltas.
Conclusão: uma guerra sem rostos
Teerã escureceu. Literalmente.
E cada segundo sem conexão revela não só a vulnerabilidade digital do Irã mas também a profundidade da guerra invisível já em curso. Um campo de batalha silencioso, sem soldados à vista, mas com alvos muito claros: a verdade, o controle e o poder.
Mila Schneider Lavelle é jornalista com formação também em teologia e especialista em Marketing, tendo atuado como Head Manager de grandes projetos internacionais e nacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital, com ênfase em geopolítica e temas internacionais, sobretudo ligados ao Oriente Médio.