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Coluna Mila Schneider Segunda-feira, 07 de Julho de 2025, 11:38 - A | A

Segunda-feira, 07 de Julho de 2025, 11h:38 - A | A

Alunos superdotados exaltam Hitler e escola de elite expulsam judeus

Escola De Elite Antissemita

Projeto escolar exaltando Hitler como “líder forte” acendeu o alarme, mas quem pagou o preço foram as vítimas. Escola ignorou alertas, encobriu bullying e puniu quem ousou denunciar.

Por Mila Schneider Lavelle

 

 

Na foto, um grupo de crianças está reunido em torno de um grande cartaz feito à mão. O cartaz exibe um desenho colorido de Adolf Hitler segurando uma espada, com anotações ao redor escritas à mão parte de um projeto escolar.

A imagem do ditador é destacada com traços infantis, porém é facilmente reconhecível pela simbologia e pelos elementos visuais ás crianças  exibem orgulhosamente.

O conteúdo do cartaz e a legenda da publicação denunciam que o projeto escolar promoveu Hitler como um “líder forte”, o que é extremamente preocupante e ofensivo, especialmente no contexto de um ambiente educacional onde deveria haver rigor histórico e ética pedagógica.

 

 

Bullying, silêncio e retaliação

 

 

A legenda do post ainda denuncia que á aluna Hanna de 11 anos foi alvo de bullying por ser judia nessa escola, e que após os pais dela denunciarem a situação, todos os irmãos foram expulsos  o que torna a situação ainda mais grave e inaceitável do ponto de vista moral e jurídico.

Em uma sociedade que se orgulha de ter aprendido com os horrores do passado, como explicar que, em pleno 2025, um grupo de crianças judias tenha sido expulso de uma das escolas mais renomadas da Virgínia por denunciar antissemitismo?

Esse é o enredo real e estarrecedor da Nysmith School for the Gifted, localizada em Herndon, onde um projeto escolar que exaltava Adolf Hitler como “líder forte” foi não apenas aprovado, mas exposto publicamente com orgulho.

A denúncia partiu dá aluna de 11 anos, alvo constante de assédio por ser judia. Em vez de proteger a vítima, a escola respondeu com retaliação: expulsou a menina e seus dois irmãos, num movimento digno dos regimes que ela deveria ensinar a repudiar.

 

 

 

A denúncia formal

 

 

Segundo a queixa formal protocolada pelo Louis D. Brandeis Center for Human Rights Under Law e pelo escritório Dillon PLLC, a garota foi chamada de “baby killer” e ouviu de colegas que “judeus merecem morrer”.

Ao tentar proteger a filha, os pais encontraram uma gestão fria e conivente. Em vez de reforçar medidas contra o ódio, a escola cancelou uma palestra sobre o Holocausto e hasteou uma bandeira palestina no ginásio, como se isso fosse uma resposta aceitável a um problema de discriminação religiosa.

Dois dias após uma reunião em que o pai pediu providências, o diretor Kenneth Nysmith enviou um e-mail seco, informando que os filhos não deveriam mais retornar à escola. A justificativa? A relação com a família havia “se deteriorado”.

  

 

 

 O colapso de uma escola modelo

 

 

O que se deteriorou, de fato, foi a máscara de civilidade de uma instituição que se autoproclama “um centro de excelência e valores”. A excelência foi substituída pela conivência. Os valores? Enterrados sob camadas de omissão, ideologia e desprezo pelo dever moral.

Não estamos diante de um caso isolado. Estamos diante do retrato do antissemitismo contemporâneo: disfarçado de neutralidade, envernizado por causas políticas e legitimado por instituições que se calam ou, pior, punem quem denuncia.

 

 

  Linha do tempo do caso 

 

 

*  7 de outubro de 2023
O Hamas lança um ataque terrorista contra Israel. Este evento foi citado por colegas da vítima como justificativa para as ofensas antissemitas.

 

*  Outubro de 2024
Projeto de sala de aula retrata Hitler como “líder forte”. A imagem é enviada aos pais como parte de um relatório de atividades, sem qualquer alerta ou crítica pedagógica.

 

*  17 de fevereiro de 2025
Um colega da menina judia, preocupado, pede à mãe que ligue para os pais dela. No viva-voz, revela que a menina está sendo isolada e chamada de “assassina de bebês”.

 

*  21 de fevereiro de 2025
Reunião com o diretor Kenneth Nysmith. Ele promete medidas, mas orienta os pais a “não criar um problema maior do que é”.

*  26 de fevereiro de 2025
A escola cancela o evento anual com sobrevivente do Holocausto, alegando “tensões políticas” no contexto do conflito Israel-Gaza.

 

*  8 de março de 2025
É hasteada uma bandeira da Palestina no ginásio, junto às demais bandeiras. Para os pais, foi um gesto político sem consideração com o contexto de ódio sofrido por sua filha.

 

*  11 de março de 2025
Em nova reunião, Nysmith diz que a aluna deveria “toughen up” (se endurecer). A família sai abalada.

 

*  13 de março de 2025 – 15h14
Recebem e-mail informando a expulsão imediata dos três filhos. A justificativa foi que “a relação entre escola e família se deteriorou”. As crianças não puderam nem buscar seus pertences ou medalhas acadêmicas.

 

*  1º de julho de 2025 – 15h18 (UTC)
O New York Post publica a primeira reportagem sobre o caso com base nos documentos da denúncia.

 

*  2 de julho de 2025 – 20h08 (EDT)
O Times of Israel confirma o nome do diretor, as datas e as ações da escola contra a família.

 

 

 

Conexões perigosas: bandeiras, negócios e radicalização

 

 

A explosão do caso ocorre em um momento delicado para a escola. Nos bastidores, o diretor Kenneth Nysmith vinha negociando a aquisição da King Abdullah Academy, uma instituição vizinha ligada ao governo da Arábia Saudita, que anunciou em janeiro de 2025 o encerramento de suas atividades após o corte de financiamento oficial.

O prédio, localizado exatamente do outro lado da rua, despertou o interesse da Nysmith School, que cogitava absorver tanto a estrutura quanto parte dos alunos. De acordo com e-mails obtidos pela imprensa local, em 13 de fevereiro Nysmith informou a pais que já havia acionado corretores para avaliar o imóvel e que via o espaço como uma “opção viável para expansão”.

Nesse mesmo período, duas alunas recém-chegadas com forte identificação com a causa palestina passaram a liderar o assédio contra a menina judia de 11 anos, segundo relatos incluídos na denúncia.

O pano de fundo geopolítico e a expansão institucional silenciosa ajudam a explicar o ambiente de tolerância seletiva que se formou dentro da escola. E levantam uma pergunta incômoda: a expulsão das crianças judias foi apenas disciplinar ou foi conveniente para não contrariar uma nova base política e cultural em formação?

 

 

⚖️ E agora?

 

 

O caso está agora nas mãos do Office of Civil Rights da Virgínia. A escola pode até tentar argumentar que se trata de um “mal-entendido pedagógico”. Mas quem vai reparar os danos emocionais de três crianças arrancadas de sua rotina escolar por serem judias? Quem devolverá à comunidade judaica americana a confiança em seus espaços educacionais?

Em um mundo onde se relativiza até mesmo o Holocausto em nome de supostas “visões alternativas”, é nossa obrigação traçar uma linha clara entre liberdade acadêmica e normalização do ódio.

E, sobretudo, proteger as crianças. Todas elas. Inclusive  e principalmente as judias.

 

 

 

ny

Email (traduzido) enviado pelo diretor da escola aos pais dos alunos judeus.

 

Assunto: Matrícula na Nysmith Para: Sr. Roy e Sr. Vazquez De: Kenneth Nysmith Data: 13 de março de 2025 – 11:15:50 AM EDT

 

Prezados Sr. Roy e Sr. Vazquez, Peço desculpas pela brevidade desta mensagem; uma nota com esse grau de gravidade deveria ser muito mais longa. No entanto, não sinto que haja mais nada que eu possa acrescentar para esclarecer a situação ou aliviar a dor desta comunicação. Após refletir sobre nossa conversa emocional na terça-feira, as palavras utilizadas deixaram claro que vocês têm uma profunda falta de confiança tanto em mim quanto na escola. Uma parceria saudável é essencial para ajudar a guiar e nutrir crianças pequenas em tempos turbulentos e eventos complexos. Não vejo um caminho viável sem confiança, compreensão e cooperação. Em nossa reunião, ficou muito claro para mim que vocês não consideram a Nysmith a escola certa para sua família e quanto mais tentarmos ignorar essa realidade, mais sofrimento isso causará às suas crianças. Dito isso, lamento informar que hoje será o último dia de seus filhos na Nysmith. Não tomo essa decisão de forma leviana, mas acredito que seja necessária. Para encerrar a matrícula hoje, faremos o cálculo proporcional e reembolsaremos todas as taxas referentes a este ano letivo, bem como quaisquer valores pagos antecipadamente para o próximo ano. Vocês receberão um cheque com o valor total dentro das próximas duas semanas. Atenciosamente, Kenneth Nysmith Diretor da Escola

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Mila Schneider Lavelle é jornalista com formação também em teologia e especialista em Marketing, tendo atuado como Head Manager de grandes projetos internacionais e nacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital, com ênfase em geopolítica e temas internacionais, sobretudo ligados ao Oriente Médio.

Álbum de fotos

Email (traduzido) enviado pelo diretor da escola aos pais dos alunos judeus. Assunto: Matrícula na Nysmith Para: Sr. Roy e Sr. Vazquez De: Kenneth Nysmith Data: 13 de março de 2025 – 11:15:50 AM EDT Prezados Sr. Roy e Sr. Vazquez, Peço desculpas pela brevidade desta mensagem; uma nota com esse grau de gravidade deveria ser muito mais longa. No entanto, não sinto que haja mais nada que eu possa acrescentar para esclarecer a situação ou aliviar a dor desta comunicação. Após refletir sobre nossa conversa emocional na terça-feira, as palavras utilizadas deixaram claro que vocês têm uma profunda falta de confiança tanto em mim quanto na escola. Uma parceria saudável é essencial para ajudar a guiar e nutrir crianças pequenas em tempos turbulentos e eventos complexos. Não vejo um caminho viável sem confiança, compreensão e cooperação. Em nossa reunião, ficou muito claro para mim que vocês não consideram a Nysmith a escola certa para sua família e quanto mais tentarmos ignorar essa realidade, mais sofrimento isso causará às suas crianças. Dito isso, lamento informar que hoje será o último dia de seus filhos na Nysmith. Não tomo essa decisão de forma leviana, mas acredito que seja necessária. Para encerrar a matrícula hoje, faremos o cálculo proporcional e reembolsaremos todas as taxas referentes a este ano letivo, bem como quaisquer valores pagos antecipadamente para o próximo ano. Vocês receberão um cheque com o valor total dentro das próximas duas semanas. Atenciosamente, Kenneth Nysmith Diretor da Escola


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