O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou o desembargador Sebastião de Moraes Filho, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, sob suspeita de envolvimento em um esquema de venda de decisões judiciais.
A investigação revela uma relação suspeita entre o magistrado e o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023. Diálogos entre ambos indicam pagamentos de propinas em dinheiro, PIX e até barras de ouro.
O afastamento ocorreu após a análise de mensagens encontradas no celular de Zampieri, que traziam conversas com o desembargador sobre decisões judiciais e troca de favores.
De acordo com as investigações, entre junho e dezembro de 2023, foram trocadas 768 mensagens, onde o advogado aparentava exercer forte influência no gabinete de Moraes Filho.
O caso veio à tona quando o ministro Luís Felipe Salomão, então corregedor do CNJ, apresentou as evidências ao presidente do conselho, ministro Luís Roberto Barroso.
Em sua decisão, Salomão defendeu o afastamento do magistrado, ressaltando que as suspeitas prejudicavam o exercício de suas funções em um cargo de grande responsabilidade.
As conversas revelam não apenas a proximidade incomum entre o desembargador e Zampieri, mas também pagamentos suspeitos e o envio de comprovantes de PIX e barras de ouro.
Em uma das mensagens, o advogado solicita um adiamento de julgamento após confirmar a transferência de R$ 10 mil para a conta de uma parente do desembargador.
Em outra, Zampieri exibe uma imagem de duas barras de ouro que, segundo ele, seriam destinadas a facilitar decisões favoráveis.
Outro ponto de destaque ocorreu logo após a execução do advogado, quando o desembargador enviou uma mensagem em homenagem, afirmando que “Zampieri ganhava e perdia” em suas decisões.
Para o CNJ, a declaração foi uma tentativa de Moraes Filho de proteger sua imagem em meio às suspeitas.
Com o afastamento de Sebastião de Moraes Filho, a investigação criminal permanece em andamento, e novas evidências estão sendo analisadas.