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Coluna Mila Schneider Segunda-feira, 19 de Maio de 2025, 15:27 - A | A

Segunda-feira, 19 de Maio de 2025, 15h:27 - A | A

Revolta contra o Hamas

A Revolta Silenciada: O Clamor de Gaza Contra o Hamas

Mesmo sob repressão violenta, protestos inéditos na Faixa de Gaza revelam um movimento interno de ruptura com o grupo extremista que governa o território desde 2007

Mila Schneider Lavelle

Por Mila Schneider Lavelle

Nos últimos meses, a Faixa de Gaza tem sido palco de manifestações sem precedentes. Pela primeira vez em anos, civis palestinos expressam publicamente sua insatisfação com o Hamas — grupo extremista que controla o território desde 2007. A repressão brutal não tem sido suficiente para conter o avanço de uma mobilização que, embora silenciosa aos olhos do mundo, carrega força histórica e simbólica.

O estopim
A onda de protestos começou em março, na cidade de Beit Lahia, ao norte de Gaza, e logo se espalhou para outras localidades como Jabalia, Khan Yunis e Gaza City. Milhares de palestinos — muitos dos quais perderam familiares ou tiveram suas casas destruídas — saíram às ruas clamando por duas demandas centrais: o fim imediato da guerra com Israel e a renúncia da liderança do Hamas.

Segundo relatos de moradores, o clima era de desespero, mas também de coragem. "Estamos cansados. Não queremos mais ser usados pelo Hamas como escudos humanos em sua guerra insensata", afirmou um manifestante sob anonimato, temendo represálias.

O que poderia parecer impensável em um território dominado por controle rígido e vigilância constante, tornou-se realidade impulsionada pela dor, pelo cansaço e pelo desejo de mudança.

A resposta do Hamas
A reação do grupo foi rápida e implacável. Segundo fontes independentes e organizações de direitos humanos, os protestos foram sufocados com prisões arbitrárias, tortura e, em casos extremos, execuções sumárias. Jornalistas locais, ao tentarem cobrir os eventos, também se tornaram alvos diretos de intimidação e violência.

Testemunhas locais afirmam que o clima nas ruas era de desespero, mas também de coragem inédita. Um manifestante, que pediu anonimato por medo de represálias, relatou: “Estamos cansados. Não queremos mais ser usados pelo Hamas como escudos humanos em sua guerra insensata.”

Tais medidas não apenas alimentam o clima de terror entre a população, como também revelam a disposição do Hamas em sacrificar sua própria gente para manter o poder a qualquer custo.

Um levante que desafia narrativas
Apesar da repressão, os protestos têm um significado profundo. Especialistas destacam que esse movimento espontâneo confronta a imagem do Hamas como legítimo representante do povo palestino. Na prática, revela uma população exaurida — que busca paz, liberdade e dignidade, mesmo em meio aos escombros.

Esse levante interno, embora ainda limitado em escala e visibilidade, simboliza uma ruptura com anos de opressão e silenciamento.

Dilemas da comunidade internacional
A resposta internacional, até o momento, tem sido tímida. O dilema é evidente: como apoiar os civis palestinos sem, direta ou indiretamente, fortalecer grupos extremistas? Como ajudar na reconstrução de Gaza respeitando o direito à autodeterminação, sem ignorar a tirania imposta internamente?

O desafio exige coragem política, discernimento estratégico e, sobretudo, escuta ativa. Pois o que emerge de Gaza não é apenas um grito de dor — é um chamado por liberdade, vindo de dentro.

Um futuro em disputa
O conflito com Israel persiste, a crise humanitária se agrava e a repressão interna tenta apagar as primeiras faíscas de mudança. Ainda assim, os protestos antihamas lançam luz sobre uma realidade incontornável: dentro de Gaza, há uma parcela crescente da população que não aceita mais ser refém de um regime autoritário.

Essa é a voz que o mundo precisa ouvir — e proteger.

Sobre a autora
Mila Schneider Lavelle é jornalista, teóloga e especialista em Marketing. Atuou como Head Manager em grandes projetos nacionais e internacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital com foco em geopolítica e temas internacionais, especialmente os relacionados ao Oriente Médio.



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