Acusado de uma das chacinas mais brutais já registradas em Mato Grosso, Gilberto Rodrigues dos Anjos decidiu não prestar depoimento e abandonou o julgamento iniciado nesta quinta-feira (7), em Sorriso.
O réu acompanhava a sessão por videoconferência, diretamente da unidade prisional onde cumpre pena por estupro, tentativa de feminicídio e lesão corporal qualificada, crimes cometidos em Lucas do Rio Verde.
A decisão foi comunicada pela defesa ao juiz Rafael Deprá Panichella pouco antes do intervalo para o almoço. Com isso, Gilberto não participará da fase final do júri popular, que segue nesta tarde com os debates entre acusação e defesa.
A expectativa do Judiciário é concluir o julgamento ainda hoje.
Gilberto é acusado de assassinar brutalmente a mãe e três filhas em um crime que causou comoção em todo o país.
Segundo a Polícia Civil, ele trabalhava em uma obra ao lado da residência das vítimas e se tornou suspeito após o levantamento de provas no local. A investigação apontou sinais de violência extrema nos corpos e levou à confissão do réu.
Durante a manhã, o júri ouviu quatro testemunhas de acusação: o marido da vítima e pai das meninas, a irmã da mulher morta, o delegado Bruno França e um investigador. O depoimento mais marcante foi o de Régis Cardoso, pai das crianças, que relatou a dor da perda e o trauma deixado na família.
O caso ganhou repercussão nacional não apenas pela violência dos assassinatos, mas também por ter influenciado a criação da Lei 14.994/2024, que passou a tratar o feminicídio como crime autônomo e aumentou as penas em crimes contra mulheres. No entanto, a nova legislação não se aplica retroativamente a esse processo.