A nova tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a carne importada ameaça diretamente o coração da operação internacional da JBS e da Marfrig.
As duas gigantes brasileiras, que investiram pesado para fincar presença no mercado norte-americano, agora veem suas margens de lucro e estratégias de integração entre Brasil e EUA colocadas em xeque.
Para a JBS, que tem 90 unidades nos Estados Unidos e acabou de transferir sua listagem para a Bolsa de Nova York, o impacto é direto: parte da produção brasileira abastece o mercado americano e, com a tarifa extra, esses cortes ficarão muito mais caros.
Já a Marfrig, que controla a National Beef, também depende da fluidez do comércio entre os dois países para manter sua operação viável.
Além do aumento de custos, as empresas podem enfrentar uma queda brusca nas vendas e até a perda de contratos, caso os importadores optem por alternativas mais baratas.
Antes do tarifaço, o Brasil exportava cerca de 8% de sua carne para os EUA, com projeções de chegar a 14% em 2025. Agora, esse avanço corre sério risco de ser revertido.
Apesar da competitividade da carne brasileira a arroba do boi no Brasil custa menos da metade do que nos EUA , o novo imposto cria uma barreira difícil de compensar no curto prazo.
A alternativa, segundo analistas do setor, será redirecionar parte da produção para mercados como Japão, Canadá e México, ou até utilizar rotas indiretas, como o envio de gado vivo ao Paraguai, onde empresas como a Minerva mantêm operações sem sofrer sanções.
A expectativa no setor é de que o tarifaço provoque perdas imediatas e force uma reconfiguração logística nas exportações.
Nem JBS nem Marfrig se manifestaram até agora sobre os impactos, mas há preocupação crescente de que a medida de Trump não seja apenas um ajuste comercial e sim um movimento político com potencial de desestabilizar cadeias globais onde o Brasil é protagonista.