Na reunião dos industriais com o governo sobre a tarifa de 50% de Donald Trump, os empresários foram unânimes em alertar o vice-presidente Geraldo Alckmin de que não há como substituir o mercado dos Estados Unidos.
Eles disseram aos ministros, na primeira reunião para tratar da resposta brasileira ao governo americano, que não há como vender os produtos industrializados para exportação a outros países.
No caso da indústria manufatureira, a fabricação é feita a partir das especificações e seguindo as exigências da legislação americana, inviabilizando o desvio da produção para outros mercados. Um dos empresários presentes ao encontro deu exemplo dos calçados que já são produzidos com a marca das lojas americanas.
No caso de componentes industriais, são peças exclusivas para complementação de máquinas específicas feitas nos EUA. O mesmo vale para as aeronaves da Embraer.
“Não existe essa possibilidade de substituição nem no curto, nem no médio prazo”, disse um dos participantes ao Blog.
Segundo relatos de executivos dizem que a reunião foi positiva, com forte alinhamento entre os setores representados. A “boa surpresa”, na avaliação de alguns empresários, foi o fato de, em nenhum momento, a palavra reciprocidade ter surgido na discussão.
Uma resposta do governo brasileiro com tarifas recíprocas, ou outras retaliações, é um dos maiores temores do setor privado. O receio é de uma escalada e uma piora na relação com os Estados Unidos. O fato do governo não ter tratado essa possibilidade como uma alternativa gerou alívio.
Neste primeiro encontro com o setor industrial, os executivos saíram com forte expectativa pelo adiamento de 90 dias do prazo estipulado por Donald Trump, com aposta de que o governo vai atender a esta demanda dos empresários. Muitos disseram a Geraldo Alckmin que já estão em contato com empresas americanas e parceiros comerciais nos EUA para que façam pressão sobre governo Trump para reversão da tarifa de 50%.