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ECONOMIA Quinta-feira, 10 de Julho de 2025, 14:08 - A | A

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PROJEÇÕES

Tarifas podem reduzir PIB do Brasil em 0,3 ponto em 2025 e 0,5 ponto em 2026 avaliam especialistas

Economistas veem impacto na atividade econômica do Brasil por meio da balança comercial e do aperto nas condições financeiras

Da Redação

 

A XP Investimentos avalia que o anúncio do governo dos Estados Unidos de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, com início em 1º de agosto, tende a impactar a atividade econômica do Brasil por meio da balança comercial e do aperto nas condições financeiras.



De acordo com as estimativas da corretora, as tarifas podem reduzir o crescimento do PIB em 0,30 ponto percentual em 2025 e 0,50 ponto percentual em 2026, com as exportações brasileiras para os EUA recuando US$ 6,5 bilhões em 2025 e US$ 16,5 bilhões no ano seguinte.

 

Segundo avaliação da XP, as exportações do Brasil para os EUA representam cerca de 1,9% do PIB, com destaque para o fato de que aproximadamente 40% desse total é composto por produtos manufaturados que têm baixa possibilidade de redirecionamento para outros mercados. Por isso, o impacto das tarifas impostas pelos EUA não será uniforme entre os setores.

 

 

A corretora observa que, no caso das exportações de carne bovina, o redirecionamento para outros mercados tende a limitar o impacto negativo às margens, enquanto para aeronaves o choque tende a ser mais significativo, dada a natureza do produto e o peso dos Estados Unidos como destino.



A XP estima que o impacto direto das tarifas sobre o crescimento do PIB, via comércio, deve ser de aproximadamente 0,3 ponto percentual em 2025, já considerando vendas antecipadas em julho (acima da sazonalidade) e a vigência das tarifas entre agosto e dezembro.


A corretora também alerta para a possibilidade de um efeito adicional decorrente de condições financeiras mais apertadas, o que poderia amplificar o impacto econômico — embora esse canal seja mais difícil de mensurar, não deve ser desconsiderado, pois dependerá da resposta do governo brasileiro e da eventual desescalada ou escalada do conflito comercial.



Em relação à inflação, a XP não enxerga impacto material, a menos que o Brasil adote medidas de retaliação. Nesse cenário, haveria aumento nos custos de produção em diversos setores — especialmente em produtos químicos e farmacêuticos e transporte, devido ao custo dos combustíveis. No entanto, a corretora pondera que parte desses insumos pode ser substituída por produção nacional ou fornecedores alternativos, o que torna difícil quantificar com precisão o impacto líquido da medida.



No caso dos combustíveis, por exemplo, cerca de 3% da gasolina e 5% do diesel consumidos no país vêm dos Estados Unidos. Embora a substituição não seja trivial, a XP considera que ela é viável. A preocupação maior está no setor de aviação: entre 10% e 15% do querosene de aviação (QAV) utilizado no Brasil tem origem americana.


Se não houver alternativa de fornecimento, e os preços das passagens subirem proporcionalmente, o impacto no IPCA seria de aproximadamente 5 pontos-base, segundo estimativas da corretora. Além disso, há uma dependência estrutural do Brasil em relação a aeronaves norte-americanas, o que poderia pressionar ainda mais os preços das passagens aéreas.


Para a XP, o câmbio é o principal canal de preocupação inflacionária. A recente valorização do real ajudou a conter pressões inflacionárias no curto prazo, mas esse cenário pode se inverter se a percepção de risco aumentar em meio a tensões comerciais persistentes.

 


A corretora estima uma elasticidade de repasse cambial de 0,90 ponto percentual no IPCA ao longo de quatro trimestres. Assim, mesmo com o efeito negativo esperado sobre o crescimento do PIB — que ampliaria o hiato do produto —, esse fator não seria suficiente para neutralizar os efeitos de uma eventual desvalorização do real.

 

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