A Academia Nacional de Engenharia (ANE) acaba de divulgar um documento com recomendações fundamentais para que o Brasil avance de forma coordenada e competitiva na Transição Energética. Em um cenário global marcado pela corrida por tecnologias limpas e pela reconfiguração das cadeias energéticas, o país precisa agir com urgência para não perder protagonismo internacional.
O estudo é resultado de meses de trabalho do Grupo de Trabalho “Desafios da Transição Energética”, formado por especialistas da ANE e convidados, e apresenta uma visão técnica e abrangente sobre os caminhos possíveis para o Brasil. O documento — disponível para consulta pública — propõe 18 ações prioritárias que visam reduzir a dependência externa, evitar atrasos tecnológicos e aproveitar as oportunidades econômicas da transição para uma matriz energética mais limpa.
“A Academia Nacional de Engenharia entende que a transição energética é um dos maiores desafios estratégicos do século. O Brasil tem abundantes recursos naturais e uma matriz energética diferenciada, mas precisa de planejamento, coordenação e visão de longo prazo para transformar essas vantagens em liderança global. Nosso objetivo é oferecer à sociedade uma contribuição técnica, independente e propositiva, baseada na engenharia e voltada ao interesse nacional”, disse Mário Menel, presidente da ANE.
A versão completa do documento tem 114 páginas e está organizada em seis capítulos: introdução ao tema e seus objetivos; contextualização da transição energética e seus impactos; análise de combustíveis, transportes, indústria e mercado de carbono; avaliação dos efeitos no sistema eletroenergético nacional; desafios ambientais, socioeconômicos e regulatórios; e, por fim, uma síntese com conclusões e propostas de encaminhamento.
Entre as propostas estão:Entre as propostas estão:
• A criação e implementação da Política Nacional de Transição Energética (PNTE), articulada com o Plano Clima e a Nova Indústria Brasil.
• A substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis e combustíveis sintéticos, com foco em redução de custos e ampliação da oferta.
• A eletrificação dos transportes, exigindo infraestrutura nacional de recarga e adaptação tecnológica.
• A descarbonização da indústria, com investimentos em infraestrutura e políticas de apoio à adaptação produtiva.
• O fortalecimento do mercado de carbono brasileiro, ainda incipiente, mas com grande potencial.
• A valoração de infraestruturas existentes e do papel estratégico das usinas hidrelétricas com reservatórios na regularização hídrica e energética, inclusive a regulação e valoração de hidrelétricas reversíveis.
• A importância de uma transição justa, inclusiva e sustentável, que contemple populações atualmente sem acesso à energia.
• A necessidade de marcos regulatórios atualizados para acompanhar a digitalização, descentralização e descarbonização da rede elétrica.
• A urgência de estratégias de adaptação às mudanças climáticas, que já impactam a produção e o consumo de energia no país.
O estudo foi desenvolvido pelo Grupo de Trabalho “Desafios da Transição Energética”, sob coordenação do acadêmico Djalma Falcão, e reuniu um time multidisciplinar de especialistas da Academia Nacional de Engenharia. Participaram do grupo os acadêmicos Albert Melo, Altino Ventura Filho, Antônio Capeleiro Pinto, Eduardo Serra, Graça Foster, Iony Patriota, Maria Elvira Maceira e Nelson Martins, além dos convidados Alexandre Street, Antônio Carlos Barbosa, Luiz Maurer, Paulo Gomes e Pietro Erber. O trabalho também contou com contribuições relevantes de palestrantes convidados, entre eles: Fernanda Delgado, Farid Shecaira, Maurício Tolmasquim, Francisco Victer e Virgílio Paixão. O documento completo com as recomendações pode ser acessado aqui.
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