A montadora japonesa Nissan anunciou que vai encerrar as atividades da sua histórica fábrica na cidade de Yokosuka, nas proximidades de Tóquio, até março de 2028. A unidade, em operação desde 1961, já produziu mais de 17,8 milhões de veículos. A medida é parte de um amplo plano de reestruturação global que busca reduzir custos e recuperar a lucratividade da companhia, que atravessa uma das maiores crises de sua história quase centenária.
Cerca de 2,4 mil trabalhadores podem ser demitidos com o encerramento da planta, e a produção será transferida para a fábrica da Nissan em Fukuoka, no sul do Japão. O diretor-presidente da montadora, Ivan Espinosa, que assumiu o cargo em abril, classificou a decisão como “dura, mas necessária”.
O objetivo da atual gestão é reduzir a capacidade global de produção da Nissan de 3,5 milhões para 2,5 milhões de veículos por ano, e enxugar o número de fábricas de 17 para 10 unidades em operação até 2028. Parte desse plano já havia sido antecipado com o anúncio do corte de 20 mil postos de trabalho no mundo.
A crise da Nissan se agravou com os resultados do primeiro trimestre de 2025, quando a montadora registrou prejuízo de US$ 4,5 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões). A notícia do fechamento da fábrica em Yokosuka repercutiu negativamente no mercado: as ações da empresa caíram 1,32% no pregão desta quarta-feira (16), na Bolsa de Tóquio.
Além dos cortes e reestruturações, a empresa também tenta reorganizar sua estratégia de alianças. Em fevereiro, fracassaram as negociações de fusão com a Honda. As conversas, iniciadas no fim de 2024, travaram quando a Honda propôs transformar a Nissan em subsidiária integral, o que foi recusado.
A expectativa por uma fusão com a Honda, assim como especulações de um investimento da Tesla, eram vistas como possíveis caminhos para salvar a montadora, mas nenhuma das iniciativas avançou. Apesar do fim das negociações, Honda e Nissan devem manter uma parceria na área de tecnologia automotiva, firmada no ano passado.