A morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, no último domingo (20), acendeu um importante alerta sobre os riscos e a necessidade de prevenção ao câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal. A artista foi diagnosticada com um tumor do tipo adenocarcinoma na porção final do intestino em janeiro de 2023, aos 48 anos.
De acordo com o médico oncologista Cleberson Queiroz, que atua no Hospital São Mateus, em Cuiabá, o caso da cantora reforça o impacto da detecção tardia. “O câncer colorretal é um dos tipos mais incidentes e um dos mais silenciosos. Em muitos casos, ele evolui sem apresentar sintomas claros nas fases iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. Por isso, o rastreamento regular é essencial, principalmente a partir dos 45 anos”, destaca o especialista.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de intestino é o segundo mais frequente no aparelho digestivo e o terceiro que mais mata no Brasil. Estima-se que mais de 40 mil novos casos surjam por ano no país, afetando homens e mulheres, especialmente entre os 60 e 70 anos de idade.
O adenocarcinoma, tipo diagnosticado em Preta Gil, se forma geralmente a partir de pólipos, pequenas lesões benignas que podem sofrer mutações ao longo do tempo e se tornar malignas. “É justamente essa progressão silenciosa que torna o câncer de intestino tão perigoso. A boa notícia é que, quando descoberto precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%”, reforça o oncologista.
Os principais fatores de risco incluem alimentação pobre em fibras e rica em carnes processadas, obesidade e sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool, histórico familiar de câncer no intestino, ovário, útero ou mama, doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn.
Diagnóstico e prevenção
A colonoscopia é o principal exame de rastreio e deve ser realizada periodicamente, especialmente por pessoas a partir dos 45 anos ou com histórico familiar da doença. “Esse exame permite não só identificar alterações no intestino, como também remover pólipos antes que eles se tornem cancerígenos”, explica o médico.
Entre os sinais de alerta que podem indicar a presença da doença estão alterações no hábito intestinal (diarreia ou constipação sem motivo aparente), presença de sangue nas fezes, perda de peso inexplicável, cansaço, anemia e dores abdominais persistentes.
“Infelizmente, muitas pessoas ignoram esses sintomas ou os associam a condições mais comuns, como hemorróidas. Isso retarda a busca por atendimento médico e pode comprometer as chances de um tratamento bem-sucedido”, afirma Cleberson.
Tratamento
O tratamento varia conforme o estágio da doença. Cirurgias, quimioterapia e radioterapia podem ser indicadas. “Tumores colorretais costumam ser agressivos. Quando identificados tardiamente, podem se espalhar para outros órgãos como fígado, cérebro ou peritônio. Por isso, quanto mais cedo forem detectados, maiores as chances de cura com menos impactos para o paciente”, finaliza o especialista.