A decisão do governo brasileiro de conceder asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, provocou uma onda de críticas contundentes na imprensa peruana, que acusa o Brasil de se tornar um “refúgio de corruptos”.
Heredia foi condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, acusada de receber recursos ilícitos da construtora brasileira Odebrecht e do governo venezuelano para financiar a campanha eleitoral do marido, o ex-presidente Ollanta Humala.
O pedido de asilo, segundo veículos locais, foi apresentado uma semana antes da leitura da sentença, revelando, conforme publicou o jornal Peru 21, uma “fuga friamente calculada”.
A repercussão foi imediata e dura: o tabloide Trome estampou a frase “corruptos se protegem entre si” em referência direta ao presidente Lula, que autorizou o acolhimento de Heredia em território brasileiro.
O jornal La Razón informou que a ex-primeira-dama deixou Lima na calada da madrugada, escoltada por diplomatas brasileiros e agentes federais, e que já está vivendo em uma “mansão” em São Paulo, ao lado de um dos filhos.
A notícia de que o Brasil acolheu uma condenada por corrupção em meio a um processo judicial com provas robustas irritou setores do Judiciário e da opinião pública peruana.
Ainda segundo o diário Correo, o ministro das Relações Exteriores do Peru, Elmer Schialer, declarou que a Justiça do país poderá solicitar a extradição de Heredia, e que o governo não considera o caso encerrado.
Apesar disso, juristas locais afirmam que a concessão de asilo dificulta a efetividade da pena, uma vez que o Brasil tende a negar extradições em casos com supostos riscos de perseguição política — argumento usado pela defesa da ex-primeira-dama.
A concessão do asilo ocorre em meio a críticas crescentes contra o governo brasileiro por sua postura frente a figuras envolvidas em escândalos de corrupção, especialmente ligadas a partidos de esquerda.
Para analistas peruanos, o gesto de Lula revela um alinhamento ideológico que ultrapassa os limites diplomáticos e compromete o combate à impunidade no continente.
A crise diplomática ainda é considerada incipiente, mas tende a ganhar força à medida que o Peru busque respaldo internacional para que a sentença contra Nadine Heredia seja efetivamente cumprida.
Enquanto isso, a imprensa peruana segue ampliando o tom das críticas e reforçando a imagem do Brasil como “paraíso dos corruptos”.
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