O apresentador e professor Haroldo Arruda usou suas redes sociais para se posicionar de forma contundente contra a cartilha “Deu Ruim? Fica Frio. O que fazer se você estiver com drogas e for abordado pela polícia”, que chegou a ser habilitada para concorrer ao Prêmio Maria Lúcia Pereira de Iniciativas Inovadoras na Política sobre Drogas, promovido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), vinculada ao Ministério da Justiça.
No vídeo, Haroldo afirma que o material “não educa, corrompe” e acusa o governo federal de premiar com dinheiro público uma cartilha que, segundo ele, incentiva o crime e a marginalização. “Enquanto milhares de famílias sofrem com os efeitos devastadores das drogas, o governo premia uma cartilha que ensina jovens como esconder entorpecentes da polícia. Isso é um incentivo ao crime, à destruição de vidas”, disse.
A cartilha, conforme divulgado pela revista Veja, orienta jovens usuários a como se portar em abordagens policiais, incluindo dicas como evitar locais muito visados, andar em grupo e portar pequenas quantidades de drogas. O material também apresenta críticas à política de drogas vigente no Brasil, classificando-a como “racista” e voltada à repressão seletiva de jovens negros e periféricos.
Para Haroldo, o conteúdo representa uma inversão de valores. “É revoltante. Em vez de promover prevenção, tratamento e combate ao tráfico, opta-se por normalizar o ilícito, atacar as forças de segurança e minar a autoridade do Estado”, afirmou no vídeo.
Diante da repercussão negativa, a Senad anunciou a suspensão do prêmio e disse que nenhum projeto havia sido oficialmente premiado até o momento. A secretaria também afirmou que não apoia materiais que afrontem a legislação brasileira ou incentivem a burla às autoridades policiais.
“A Senad não coaduna com qualquer orientação que afronte as leis do país”, disse a pasta em nota. O objetivo do prêmio, segundo o governo, é incentivar iniciativas voltadas a populações vulneráveis, especialmente em contextos de saúde, justiça racial e enfrentamento ao narcotráfico.
Apesar da suspensão, o episódio reacendeu o debate sobre os limites entre políticas de redução de danos, garantias legais e o papel do Estado na abordagem do tema das drogas. Para Haroldo, no entanto, não há ambiguidade: “O Brasil não precisa de mais drogas. Precisa de coragem para enfrentá-las”.