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BRASIL Quinta-feira, 24 de Abril de 2025, 17:39 - A | A

Quinta-feira, 24 de Abril de 2025, 17h:39 - A | A

FRAUDE CONTRA APOSENTADOS

97% dos beneficiários do INSS não autorizaram descontos em seus benefícios

Auditoria da CGU revela esquema sistemático de cobranças indevidas por entidades associativas e expõe vulnerabilidade digital dos idosos

 

Uma auditoria realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) entre abril e julho de 2024 revelou que 97,6% dos aposentados e pensionistas do INSS entrevistados afirmaram não ter autorizado os descontos associativos em seus benefícios, contrariando a versão apresentada pelas entidades que efetuaram as cobranças. Dos 1.273 entrevistados, 1.242 negaram ter consentido com os débitos, e 1.221 (95,9%) declararam não estar filiados a qualquer associação.

 

A CGU visitou entidades, analisou documentos e entrevistou beneficiários, apresentando fichas de filiação e autorizações supostamente assinadas pelos próprios entrevistados. Muitos não reconheceram as assinaturas nem a filiação, o que levou à conclusão de que há uma "grande probabilidade" de que os descontos tenham ocorrido de forma indevida.

 

O relatório da CGU foi concluído em setembro, mas só veio a público em 23 de abril de 2025, quando uma operação conjunta com a Polícia Federal foi deflagrada em 13 estados e no Distrito Federal. A operação resultou na suspensão dos convênios de desconto associativo, na exoneração do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de outros quatro dirigentes.

 

Outro dado alarmante é que 72,4% dos entrevistados não sabiam da existência do desconto, e 42,4% sequer conheciam o aplicativo Meu INSS, principal meio para verificação e cancelamento das cobranças. A substituição do envio de extratos físicos pelo uso exclusivo do aplicativo tornou-se uma barreira para muitos idosos, agravando a invisibilidade dos descontos indevidos.

 

Dos 351 que sabiam do desconto, 35% não haviam solicitado o cancelamento, o que, segundo o relatório, pode estar ligado à exigência de informações técnicas como o nome da entidade ou o nível "ouro" no Gov.br, dificultando ainda mais o processo.

 

A CGU conclui que houve uma transformação digital no INSS sem o devido reforço dos controles internos. O resultado foi um sistema no qual as entidades encontram menos barreiras para implementar descontos do que os cidadãos para bloqueá-los, deixando os idosos — maioria dos beneficiários — em situação de extrema vulnerabilidade frente a práticas abusivas.

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