O presidente da Argentina, Javier Milei (Partido Libertário), voltou a causar polêmica ao exaltar contribuintes que sonegam impostos no país. Em entrevista concedida nesta segunda-feira (19) ao noticiário “Otra Mañana”, do canal A24, Milei classificou os sonegadores como “heróis” e criticou quem paga tributos regularmente, sugerindo que essas pessoas podem não ter “talento ou coragem” para escapar do sistema.
A declaração foi feita durante uma conversa sobre a proposta de Milei para regulamentar cerca de US$ 300 bilhões que argentinos mantêm fora do sistema financeiro oficial, principalmente em espécie. O presidente disse que o governo pretende permitir a entrada desses recursos no sistema bancário sem exigir comprovação de origem. Segundo ele, o projeto ainda está em elaboração e não se sabe se será encaminhado via lei ou decreto.
“O que é ilegal? Aqueles que tentaram se defender de políticos criminosos são heróis, não criminosos”, declarou o presidente. Ele afirmou que os dólares guardados “no colchão” pelos argentinos para fugir da cobrança de impostos podem, agora, ajudar a estimular a economia regular, se forem incorporados ao sistema bancário.
Na entrevista, Milei foi além e comparou o Estado argentino a um ladrão. “Sinto muito por quem não pôde escapar, mas o outro [o sonegador] não fez nada de errado. Aquele que conseguiu escapar [do Fisco], ótimo. Não posso puni-lo porque conseguiu fugir do ladrão [o Estado]”, afirmou.
Para o chefe da Casa Rosada, o sistema tributário argentino age como uma “prisão” imposta pelos políticos, e aqueles que conseguem driblá-lo não devem ser penalizados. “Tenho de recompensar quem ficou na prisão [dos impostos] porque outro conseguiu sair do cárcere que os políticos nos impõem? Talvez ele [quem paga imposto] não tivesse talento ou coragem para sair do sistema”, concluiu.
A proposta de regulamentação de recursos não declarados é mais um dos movimentos de Milei para tentar recuperar a economia argentina, que enfrenta inflação alta, desvalorização cambial e queda no poder de compra.