A União Europeia (UE) e o Reino Unido anunciaram nesta terça-feira (20) um novo pacote de sanções contra a Rússia, focado principalmente em sua frota de petroleiros e em empresas financeiras que ajudam Moscou a driblar as restrições econômicas impostas desde o início da guerra na Ucrânia. A ação foi feita sem a adesão dos Estados Unidos, que resistem a se juntar ao movimento apesar do forte apelo dos líderes europeus.
O anúncio acontece um dia após o presidente americano Donald Trump conversar com o presidente russo Vladimir Putin, sem obter uma promessa clara de cessar-fogo no conflito. Enquanto a Ucrânia diz estar pronta para aceitar a trégua imediata proposta por Trump, a Rússia quer que as negociações iniciais aconteçam antes de qualquer acordo.
Londres, Paris, Berlim e Varsóvia, que visitaram Kiev no início do mês para demonstrar apoio à Ucrânia, já haviam declarado que novas sanções estavam prontas para serem aplicadas. No entanto, apesar do contato dos líderes europeus com Trump pedindo uma atuação conjunta, Washington não acompanhou as medidas anunciadas.
A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, ressaltou que mais sanções estão em andamento e alertou que, quanto mais a Rússia prolongar a guerra, mais rigorosa será a resposta europeia. “Se os EUA não agirem, a pressão será insuficiente para frear a agressão russa”, afirmou.
Os ministros das Relações Exteriores da França e do Reino Unido também destacaram a importância de sanções realmente dissuasivas para “pressionar Putin a abandonar sua fantasia imperialista” e impedir que a máquina de guerra russa siga funcionando.
As recentes sanções têm como foco dificultar a exportação de petróleo da Rússia, especialmente via uma frota “fantasma” que contorna o limite de preço de US$ 60 por barril imposto pelo grupo G7 para restringir a renda do Kremlin.
Enquanto as conversas diretas entre Rússia e Ucrânia ocorreram na última sexta-feira (16) pela primeira vez em mais de três anos, ainda não houve avanços concretos para o cessar-fogo. O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, afirmou que Putin parece não estar interessado na paz, apenas ganhando tempo.
Em suma, o cenário atual expõe uma divisão transatlântica sobre como lidar com Moscou e reforça a urgência de uma frente unida para pôr fim ao conflito que já dura mais de dois anos.