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MUNDO Quarta-feira, 14 de Maio de 2025, 15:17 - A | A

Quarta-feira, 14 de Maio de 2025, 15h:17 - A | A

"FOI UM MILAGRE"

Rim de porco dá nova vida a paciente com doença renal terminal

Aos 67 anos, Tim Andrews se tornou pioneiro ao receber um rim de porco geneticamente modificado. Procedimento experimental reacende esperança para milhares na fila de transplante.

Da Redação

 

 

Aos 67 anos, Tim Andrews já não acreditava que teria muito tempo. Diagnosticado com insuficiência renal em estágio terminal, ele passou meses preso a uma rotina exaustiva de diálise, três vezes por semana, seis horas por sessão. A vida, como ele conhecia, havia desaparecido: nada de jogos do Red Sox, viagens ou os momentos simples com os netos. Mas um procedimento ousado e experimental mudou tudo — e fez dele um símbolo de esperança para milhares de pacientes na mesma situação.

 

Em janeiro de 2025, Andrews tornou-se a única pessoa nos Estados Unidos vivendo com um rim de porco geneticamente modificado. O transplante, realizado no Hospital Geral de Massachusetts, fez parte de um estudo clínico pioneiro que busca enfrentar a dramática escassez de órgãos para transplante. Mais de 90 mil pessoas aguardam um rim nos EUA, e muitas morrem antes de conseguir.

 

“Isso fará algo pela humanidade”

Diagnosticado com diabetes nos anos 1990, Andrews viu sua função renal se deteriorar rapidamente em 2022. Logo, a diálise se tornou inevitável. O tratamento, eficaz mas cruel, fragilizou seu corpo e espírito. Um ataque cardíaco, isolamento e um profundo cansaço o levaram a cogitar desistir — até ouvir falar sobre xenotransplante: o uso de órgãos de animais geneticamente modificados em humanos.

 

Procurando alternativas, Tim se aproximou do Dr. Leonardo Riella, diretor de transplante renal do hospital, que liderava estudos com rins de porco alterados para maior compatibilidade humana. O médico deixou claro: seria necessário recuperar forças antes de uma cirurgia tão delicada.

 

Determinado, Andrews emagreceu, reforçou a saúde bucal e tomou vacinas. “Quando ele voltou, estava quase correndo pela sala”, contou Riella.

 

Um transplante histórico

A cirurgia, planejada para durar quatro horas, levou pouco mais de duas. Assim que conectado, o novo rim começou a produzir urina imediatamente — um sinal promissor. “Foi um milagre”, declarou Andrews, emocionado. Desde então, ele adotou 25 de janeiro de 2025 como seu novo aniversário.

 

De volta à rotina, Andrews retomou passeios com seu cachorro, Cupcake, passou a cozinhar e sonha levar a esposa, Karen, para a Europa. Embora ainda precise tomar dezenas de comprimidos diários, não depender mais da diálise lhe devolveu a vontade de viver. “Agora posso fazer tudo o que quiser”, comemorou.

 

Esperança e desafios

O caso de Andrews integra um campo emergente da medicina. Embora outros três pacientes nos EUA também tenham recebido rins de porco geneticamente modificados, os resultados foram variados. Em 2024, Richard Slayman, o primeiro, faleceu dois meses após o transplante, por causas não relacionadas. Towana Looney viveu com o órgão por pouco mais de quatro meses antes de rejeitá-lo.

 

Os médicos ainda estudam como controlar a rejeição e ajustar os medicamentos. Os rins de porco usados nesses transplantes têm dezenas de alterações genéticas para reduzir a incompatibilidade e os riscos de infecção, mas a combinação ideal de edições e imunossupressores ainda é uma incógnita.

 

Para Riella, casos como o de Tim são fundamentais para que a xenotransplantação deixe de ser exceção e passe a salvar vidas em larga escala. “Acho que pacientes como Tim serão lembrados como heróis”, disse.

 

Andrews, por sua vez, espera que sua história inspire quem enfrenta situações semelhantes. “Vejo muita gente desistindo”, afirmou. “Não desista.”

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