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POLÍTICA NACIONAL Quinta-feira, 22 de Maio de 2025, 14:05 - A | A

Quinta-feira, 22 de Maio de 2025, 14h:05 - A | A

POLÍTICA X POLÍCIA

Mala com R$ 1,2 milhão revela elo entre empresários, políticos e possível esquema de corrupção

O flagrante ocorreu na última terça-feira (20/5), no Aeroporto de Brasília, e deu início a uma investigação que pode desdobrar-se em algo muito maior.

Da Redação

 

Uma mala recheada de dinheiro em espécie chamou a atenção da Polícia Federal e expôs um possível esquema que conecta empresários amazonenses a políticos locais e contratos públicos suspeitos. O flagrante ocorreu na última terça-feira (20/5), no Aeroporto de Brasília, e deu início a uma investigação que pode desdobrar-se em algo muito maior.

 

Os empresários César de Jesus Glória Albuquerque, Erick Pinto Saraiva e Vagner Santos Moitinho, todos de Manaus (AM), foram presos em flagrante ao desembarcarem com R$ 1,25 milhão escondidos na bagagem. Segundo a PF, o trio aparentava estar em uma viagem-relâmpago: chegaram e partiriam no mesmo dia, com passagens de volta já compradas.

 

Durante a abordagem, os empresários alegaram que o valor seria usado para quitar dívidas e comprar insumos em Goiás. No entanto, não conseguiram explicar detalhes da operação comercial nem apontar para quem seriam os pagamentos. A contradição nas respostas e a quantia em dinheiro vivo levantaram o sinal de alerta da PF, que os deteve por lavagem de dinheiro.

 

Conexões políticas 

O que parecia apenas mais um caso de transporte irregular de valores revelou ramificações com o cenário político do Amazonas. A Polícia Federal descobriu vínculos familiares e financeiros entre os presos e políticos do estado. Um dos empresários detidos, Vagner Moitinho, é pai do vereador Lucas Souza Moitinho (União Brasil), eleito em 2024 em Presidente Figueiredo (AM).

 

Além disso, os três empresários aparecem como doadores ou prestadores de serviço em campanhas eleitorais. Erick Saraiva, por exemplo, recebeu R$ 93,5 mil da campanha do atual prefeito de Itacoatiara, Mário Abrahim (Republicanos), por serviços gráficos. Já César Albuquerque recebeu R$ 2,4 mil da campanha do vereador Lucas Souza Moitinho, por aluguel de veículos.

 

Empresas com contratos públicos milionários

As investigações mostram que as empresas dos três empresários — a CJ Comércios e Serviços, de César, e a Saraiva Comércio de Confecção, de Erick — têm contratos com prefeituras do Amazonas. Um exemplo recente: a Prefeitura de Coari anunciou, em abril, a compra de R$ 3,3 milhões em vestuário para a Secretaria Municipal de Saúde. As fornecedoras? Justamente as empresas de César e Erick.

 

Os investigadores também encontraram indícios de empresas de fachada e irregularidades no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). A CJ Comércios e Serviços, por exemplo, está registrada para atuar em mais de 40 atividades econômicas diferentes, que vão de venda de alimentos a manutenção de embarcações e até serviços funerários — sem possuir sequer um funcionário registrado.

 

Apesar de alegar uma operação robusta, com cinco micro-ônibus e movimentação de R$ 2,5 milhões, a sede da empresa seria apenas uma parada de ônibus às margens da BR-174, na comunidade Nova Jerusalém. A PF não localizou estrutura física correspondente ao endereço informado.

 

Beneficiários do auxílio emergencial

Outro dado que chamou a atenção foi o recebimento de Auxílio Emergencial pelos três empresários. Entre 2020 e 2021, mesmo com faturamentos declarados de até R$ 20 mil mensais, César, Erick e Vagner receberam juntos mais de R$ 10 mil do benefício federal destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade.

 

Pano de fundo

A prisão em Brasília ocorreu durante a Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, evento anual que reúne centenas de prefeitos e vereadores de todo o país. A PF suspeita que a presença dos empresários na capital possa estar ligada ao pagamento de propinas a agentes públicos durante o encontro político — hipótese que segue sob apuração.

 

A investigação está em curso, e novas frentes podem ser abertas a partir da análise dos contratos, das movimentações bancárias e das relações políticas dos envolvidos. A mala com R$ 1,2 milhão pode ter sido apenas a ponta do iceberg.

 

Fonte- Metrópoles

 

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