Em um movimento que expõe profundas fraturas no futebol nacional, o Cuiabá anunciou oficialmente que irá boicotar a eleição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), prevista para o próximo domingo (25), reforçando uma frente de clubes das Séries A e B que se recusam a participar do pleito.
A decisão, encabeçada pelo presidente do clube, Cristiano Dresch, soma-se à insatisfação coletiva de outras 19 agremiações, que publicaram uma nota conjunta exigindo mais “democracia, transparência e representatividade” na estrutura de poder da entidade máxima do futebol brasileiro.
O principal alvo de críticas é o modelo eleitoral da CBF, que concede às federações estaduais peso desproporcional frente aos clubes.
Este formato, segundo os signatários do protesto, distorce a representatividade e favorece candidatos previamente articulados nos bastidores como é o caso de Samir Xaud, médico e postulante único ao cargo, que já conta com apoio quase unânime das federações.
Com isso, sua eleição até 2029 é tida como garantida, mesmo antes da votação acontecer.
A nota, firmada pelos clubes que aderiram ao boicote, alerta: “Sem clube não tem futebol”. Eles reafirmam estar abertos ao diálogo com a futura gestão, mas deixam claro que a participação na eleição só acontecerá quando houver uma reformulação do sistema que privilegie também quem coloca a bola em campo.
“Estaremos prontos para conversar com a nova gestão, a partir da próxima semana, para que juntos possamos debater como mudar o processo eleitoral e outras demandas dos clubes”, diz o texto.
A postura adotada por equipes como Cuiabá, Corinthians, Flamengo, São Paulo, Cruzeiro e Fortaleza, entre outras, representa um marco inédito de coesão entre rivais históricos em prol de uma causa institucional.
Ainda não se sabe como a CBF vai reagir diante da mobilização, mas o gesto simboliza uma tentativa clara dos clubes de assumirem protagonismo nas decisões que moldam os rumos do futebol brasileiro.