Em meio a uma das investigações mais sensíveis do país, envolvendo suspeitas de compra de decisões judiciais em tribunais superiores, a advogada Mirian Ribeiro, esposa do lobista Andreson Gonçalves, afirma que o marido não cogita fechar acordo de delação premiada. O empresário está preso há mais de cinco meses em Brasília e, segundo ela, enfrenta um grave quadro de saúde física e emocional.
As declarações de Mirian foram publicadas pela Veja, em meio a especulações sobre uma possível colaboração de Andreson com as autoridades, o que poderia aprofundar as investigações que já atingem integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros tribunais. A operação é conduzida pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota à imprensa, Mirian rebateu qualquer possibilidade de delação: “Estive com meu marido na manhã do dia 28 de abril, durante visita autorizada, e, ao longo de mais de duas horas de conversa, em momento algum houve qualquer cogitação sobre a possibilidade de delação. Acredito, ainda, que não há o que delatar”, afirmou.
A defesa do lobista argumenta que, além de negar envolvimento em atos ilícitos que pudessem ser objeto de colaboração, Andreson não estaria em condições psicológicas e físicas para tomar qualquer decisão judicial de impacto. “Durante minha última visita, foi possível constatar inúmeros sinais de abalos emocionais e físicos. Andreson encontra-se preso há mais de cinco meses e, desde então, vem enfrentando sérias dificuldades em razão de seu estado de saúde já debilitado antes mesmo dos fatos que culminaram em sua prisão”, relatou Mirian.
Ela também frisou que a família é contrária à ideia de acordo com o Ministério Público: “Meu esposo não apresenta condições físicas e, tampouco, psicológicas para discernir ou tomar qualquer decisão a respeito de uma suposta delação. Esclareço que não comungo da ideia exposta, a qual também não representa a vontade da família ou das partes envolvidas na situação.”
Segundo a Veja, Andreson Gonçalves já teria perdido mais de 20 quilos desde o início da prisão preventiva, o que agrava a preocupação dos familiares com sua integridade.
O caso segue sob sigilo e envolve nomes influentes do meio jurídico e político. A operação investiga um suposto esquema de tráfico de influência e venda de sentenças, cuja revelação pode provocar abalos no Judiciário brasileiro.