A tragédia que abalou a capital mato-grossense em 2023 volta a ganhar repercussão com a recente denúncia formal do Ministério Público do Estado (MPMT) contra o farmacêutico Linaudo Jorge de Alencar e a técnica de enfermagem Paula Cristina dos Reis Moura.
Ambos foram acusados por homicídio culposo e aborto culposo pela morte de Elaine Ellen Ferreira Vasconcelos, de 32 anos, que estava grávida de oito meses e faleceu após receber uma injeção sem prescrição médica em uma farmácia no bairro Tijucal, em Cuiabá.
De acordo com a denúncia, no dia 4 de abril de 2023, Elaine procurou a farmácia acompanhada da mãe para aplicar o medicamento Neo Cebetil Complexo, um coquetel antigripal.
Mesmo ciente da gestação e da obrigatoriedade de receita médica, a técnica de enfermagem não solicitou o documento e encaminhou Elaine à sala de aplicação, onde o remédio foi administrado com a autorização de Linaudo, porém sem sua supervisão direta.
Durante a aplicação, a paciente relatou dor intensa e, logo após, começou a apresentar sinais claros de reação alérgica, como inchaço, espumação pela boca e perda de consciência. A situação foi subestimada tanto por Paula quanto por Linaudo, que atribuíram os sintomas a uma simples queda de pressão.
A demora de cerca de 30 minutos para acionar o SAMU foi crucial. Quando o atendimento emergencial chegou, Elaine já não apresentava sinais vitais.
Ela foi levada ao Hospital Santa Helena, mas já estava sem vida, assim como sua filha, vítima de asfixia intrauterina.
O laudo de necropsia confirmou que Elaine morreu por anafilaxia, uma grave reação alérgica. Para o Ministério Público, a conduta negligente dos denunciados foi determinante para o desfecho fatal.
Ambos agiram de forma displicente ao negligenciar o dever de exigir a prescrição e, sobretudo, ao retardar o pedido de socorro, mesmo diante de sintomas evidentes de uma emergência médica.
A denúncia foi aceita pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que agora abre prazo para os acusados apresentarem defesa.
Linaudo alegou desconhecer a gravidez da paciente e atribuiu a responsabilidade à técnica, que por sua vez admitiu ter cedido à insistência da vítima e declarou arrependimento.