O blogueiro Wellington Macedo de Souza, condenado a seis anos de prisão por tentar explodir um caminhão-tanque próximo ao Aeroporto de Brasília em 24 de dezembro de 2022, teve 100 dias de pena reduzidos após ser aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024.
Detido na Penitenciária da Papuda à época da prova, Wellington atingiu mais de 450 pontos em todas as áreas do exame e 560 na redação — desempenho que garantiu o benefício. Ele também teve mais quatro dias abatidos da pena ao apresentar uma resenha sobre o livro O Processo, de Franz Kafka, lido durante o encarceramento.
Segundo dados obtidos pelo portal Metrópoles, estas foram as notas obtidas pelo detento:
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Ciências da Natureza: 506,3
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Ciências Humanas: 482,7
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Linguagens: 573,1
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Matemática: 521
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Redação: 560
Apesar do desempenho, ele não foi aprovado para nenhuma disciplina do ensino superior. O Ministério Público se posicionou contra a redução da pena, alegando que Wellington já havia feito o Enem anteriormente, o que, na visão do MP, o impediria de obter o benefício mais de uma vez.
Wellington estava foragido desde dezembro de 2022 e foi capturado em setembro de 2023 pela Interpol, na fronteira entre Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este, no Paraguai. Ele foi condenado por colocar dinamite em um caminhão carregado de combustível e por tentativa de causar incêndio com risco à vida e ao patrimônio de terceiros.
Antes do atentado frustrado, Wellington já havia sido preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e se intitulava "Preso do Xandão". Ele usava tornozeleira eletrônica no dia do crime, e teria planejado o ato com Alan Diego dos Santos Rodrigues e George Washington de Oliveira Sousa. Também esteve presente na tentativa de invasão à sede da Polícia Federal.
Wellington ficou conhecido por frequentar acampamentos golpistas em frente ao QG do Exército, recebeu parcelas do auxílio emergencial em 2020 e chegou a trabalhar no antigo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, durante a gestão de Damares Alves.