A juíza Anna Paula Gomes de Freitas, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, colocou em sigilo o processo que apura a execução do advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro de 2023. A decisão visa preservar detalhes sensíveis do caso, especialmente após a defesa do acusado, o pedreiro Antonio Gomes da Silva, prometer incluir no processo nomes de terceiros envolvidos, alguns com foro privilegiado.
Durante uma audiência de instrução, realizada em julho deste ano, Antonio afirmou que revelaria o mandante do crime apenas em julgamento, por temer por sua segurança. Na ocasião, o réu também isentou de participação o instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa e o coronel da reserva do Exército, Etevaldo Caçadini Vargas.
Em decisão assinada nesta quinta-feira (24), a magistrada ponderou que as defesas planejam inserir nos autos conversas extraídas dos celulares dos investigados, incluindo o de Zampieri. Segundo a juíza, o conteúdo pode expor a intimidade de terceiros, justificando o sigilo. Parte do material analisado aponta uma possível rede de venda de sentenças judiciais, envolvendo magistrados dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e do Distrito Federal.
Esse esquema já resultou no afastamento de desembargadores no Mato Grosso, incluindo Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, com indícios de que eles mantinham laços estreitos com o advogado. A Polícia Federal também relacionou os dados ao avanço da operação "Ultima Ratio", deflagrada na quinta-feira (24), que resultou no afastamento de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), incluindo o presidente da corte, Sérgio Fernandes Martins. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acompanha as investigações, enquanto surgem suspeitas sobre o envolvimento de servidores e ministros do Superior Tribunal de Justiça.
A revelação completa sobre a rede e os envolvidos aguarda os próximos passos do processo, mas o caso já levanta debates sobre a profundidade da corrupção nas altas esferas do Judiciário brasileiro.
