Cuiabá amanheceu nesta quinta-feira (29) sob o impacto da 8ª fase da Operação Sisamnes, desencadeada pela Polícia Federal com autorização do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão judicial determinou o bloqueio de R$ 30 milhões em bens de envolvidos em um sofisticado esquema de venda de sentenças judiciais e na investigação do assassinato do advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro de 2023.
O principal foco da operação é o juiz Ivan Lúcio Amarante, da comarca de Vila Rica, a 1.269 km da capital mato-grossense. De acordo com informações obtidas pela PF, três mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta nova fase.
O magistrado já estava afastado do cargo desde outubro do ano passado, por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A investigação teve um ponto de virada com a análise do conteúdo do celular de Zampieri, que revelou um padrão de influência direta nas decisões judiciais de Amarante.
O corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, afirmou que o advogado era quem decidia quais pleitos seriam atendidos e quais argumentos jurídicos o juiz deveria adotar.
A 7ª fase da operação, deflagrada no dia anterior, resultou em cinco prisões: Aníbal Manoel Laurindo, Luiz Caçadini, Antônio Gomes da Silva, Hedileverson Barbosa e Gilberto Louzada da Silva.
Segundo as apurações, Antônio foi o executor do assassinato, Hedileverson o intermediário e proprietário da arma utilizada, enquanto Aníbal, um fazendeiro da região, é apontado como o mandante do crime.
A participação de Gilberto Louzada ainda está sob investigação.
A gravidade do caso e o envolvimento direto de um membro do Judiciário lançam luz sobre os desafios da integridade institucional no país. A expectativa agora recai sobre os desdobramentos das investigações e possíveis responsabilizações judiciais.