Em uma denúncia que expõe um dos maiores esquemas de fraude já investigados na Unimed Cuiabá, o Ministério Público Federal (MPF) apontou a advogada Jaqueline Larréa como a "grande autora intelectual" por trás de um desfalque contábil estimado em R$ 400 milhões.
Larréa, juntamente com cinco outros ex-gestores da cooperativa, enfrentam acusações de falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Larréa, que também coordenava o departamento jurídico da cooperativa, teria agido para manipular as informações prestadas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com o objetivo de encobrir irregularidades financeiras da operadora.
Segundo a denúncia do MPF, a advogada assinou pessoalmente um pedido de reunião com a ANS em novembro de 2022, onde apresentou justificativas para divergências contábeis, supostamente sob as orientações do ex-presidente da Unimed, Rubens Carlos Oliveira Júnior, e da ex-diretora financeira, Suzana Aparecida Palma.
Durante a operação realizada pela Polícia Federal na quarta-feira, todos os envolvidos foram detidos, incluindo o ex-CEO Eroaldo de Oliveira, a ex-superintendente administrativa Ana Paula Parizzotto, e a contadora Tatiana Bassan.
Contudo, os acusados foram liberados no mesmo dia.
A denúncia detalha o papel ativo de Jaqueline nas comunicações com a ANS, mencionando que, além de responder diretamente às exigências da agência reguladora, ela conduziu reuniões para justificar discrepâncias de aproximadamente R$ 109 milhões reportadas no terceiro trimestre de 2022 através do sistema DIOPS.
Este sistema é responsável por recepcionar dados financeiros das operadoras de saúde, e o MPF alega que foi manipulado para ocultar a real situação financeira da Unimed Cuiabá.
A acusação de que Larréa teria exercido uma "postura ativa e de liderança" nas negociações com a ANS reforça o papel central que o MPF atribui à advogada na articulação do esquema.
O órgão também indica que outras prisões poderão ocorrer, conforme a investigação avança.