O Ministério Público Federal (MPF) suspeita que um contrato de R$ 700 mil firmado pela Unimed Cuiabá durante a gestão do ex-presidente Rubens Carlos de Oliveira Júnior tenha sido forjado para desviar recursos da cooperativa médica.
A suspeita se concentra na contratação da empresa Arche Negócios Ltda, com sede no Espírito Santo, sob a justificativa de intermediação financeira de um empréstimo de R$ 33 milhões junto ao Sicoob Credicom operação que, conforme apuração, foi realizada sem qualquer intermediário.
A transação é uma das bases da Operação Bilanz, deflagrada pela Polícia Federal em outubro do ano passado e que teve como alvos Rubens e outros cinco ex-dirigentes da Unimed.
Documentos revelados após o fim do sigilo judicial da operação demonstram que a cooperativa pagou à Arche uma comissão de 2%, mas o próprio Sicoob afirmou ao MPF que nunca houve qualquer intermediação no processo de concessão do crédito.
Segundo as investigações, o contrato entre a Unimed e a Arche foi assinado entre 14 e 16 de dezembro de 2022, com data retroativa a 19 de outubro do mesmo ano, quando a negociação com o Sicoob já estava concluída.
A nota fiscal emitida pela Arche, no valor de R$ 700 mil, foi cadastrada diretamente no sistema da cooperativa pela então superintendente administrativo-financeira Ana Paula Parizzotto, também investigada.
Além de Rubens e Ana Paula, também assinaram o contrato a ex-diretora financeira Suzana Palma, o ex-CEO Eroaldo de Oliveira, a ex-chefe do setor jurídico Jaqueline Proença Larrea e o sócio da Arche, Erikson Tesolini Viana.
O Sicoob, por sua vez, declarou que o contato partiu da própria instituição financeira em setembro de 2022, e foi mantido exclusivamente com Ana Paula, sem intermediações.
Para o MPF, há evidências de que o contrato foi simulado para justificar o repasse irregular, configurando desvio de recursos públicos.
O valor pago à empresa, inclusive, ultrapassou o limite contratual de 2%, gerando um excedente de R$ 37,4 mil. “Pode-se afirmar que a prestação de serviço da Arche Negócios Ltda foi inexistente”, afirma o órgão em trecho do relatório.
A operação policial resultou na prisão temporária de Rubens e de outros membros de sua antiga diretoria, entre eles a médica Suzana Palma, o ex-CEO Eroaldo, a contadora Tatiana Bassan e a advogada Jaqueline Larrea.
Eles são investigados por crimes como falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
As investigações começaram após auditoria interna que apontou prejuízo de R$ 400 milhões causado pela gestão Rubens (2019-2023).
O balanço de 2022, que inicialmente mostrava saldo positivo de R$ 370 mil, apresentou inconsistências graves, como contratos sem autorização, antecipações de pagamentos indevidas e aquisições sem respaldo legal. Atualmente, a cooperativa é presidida por Carlos Eduardo de Almeida Bouret.