Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro repudiou com veemência as acusações de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
“Até arrepio quando dizem que o 8 de Janeiro foi golpe”, afirmou Bolsonaro, em tom indignado, durante o interrogatório que ocorre no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF).
A oitiva faz parte da ação penal em curso contra oito acusados de liderar o que o Ministério Público Federal classificou como o "núcleo principal" da articulação para reverter o resultado eleitoral.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Bolsonaro teve conhecimento e até sugeriu modificações em uma minuta golpista que previa medidas inconstitucionais, como o estado de sítio e a prisão de autoridades, entre elas o próprio Alexandre de Moraes.
As acusações ganham força com as declarações do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que firmou acordo de delação premiada.
Segundo Cid, Bolsonaro participou de reuniões sobre o documento golpista e teria pedido que se limitasse a previsão de prisão ao ministro Moraes.
Até o momento, já prestaram depoimento Mauro Cid; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; e Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Além de Bolsonaro, ainda serão ouvidos Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
A fase atual de interrogatórios deve se encerrar até o dia 13 de junho, e o julgamento final está previsto para o segundo semestre deste ano. Caso os réus sejam condenados, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.