O assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023 em frente ao seu escritório em Cuiabá, revelou uma complexa trama de conspiração, espionagem e execução por encomenda.
Novas informações obtidas pela Polícia Federal através de diálogos interceptados mostram que o crime foi minuciosamente planejado por um grupo que incluía militares da reserva e um fazendeiro, motivados por disputas de terras.
O executor confesso, Antônio Gomes da Silva, agiu a mando de Aníbal Manoel Laurindo, fazendeiro preso recentemente durante operação da PF.
As investigações mostram que o mandante contratou os serviços de uma empresa clandestina formada por militares, cuja atuação incluía espionagem e assassinatos direcionados.
Antônio se aproximou da vítima fingindo interesse em serviços jurídicos. Inventou uma história sobre um sobrinho herdeiro nos Estados Unidos interessado em investir em terras no Mato Grosso. Mesmo desconfiado, o sócio de Zampieri confirmou que o advogado seguiu com o contato por se tratar de uma aparente oportunidade profissional.
Durante esse período, os envolvidos no crime mantinham contato constante, utilizando códigos para não levantar suspeitas: o executor era o "empreiteiro", enquanto o coronel reformado Etevaldo Caçadini, apontado como organizador, era o "engenheiro".
As mensagens trocadas indicam sangue-frio e meticulosidade.
“Pressão 12 por 8 kkkkkkk”, disse Antônio, numa tentativa de demonstrar tranquilidade diante da missão. O plano inicial era emboscar Zampieri numa área rural, mas acabou sendo alterado. No dia do crime, Hedilerson Barbosa, instrutor de tiro e articulador do grupo, viajou de Belo Horizonte para Cuiabá levando a arma do crime, uma pistola 9mm registrada como CAC.
Provas colhidas incluem imagens de câmeras de segurança, registros de chamadas telefônicas e transações bancárias entre os envolvidos.
Também foram encontrados documentos comprometedores como a certidão de óbito da vítima na posse de Caçadini, além de comprovantes de pagamento feitos pela esposa do fazendeiro a integrantes do grupo.
Antônio, que recebeu R$ 20 mil adiantados pelo crime, promete revelar mais informações em julgamento. As defesas de Caçadini e Hedilerson negam envolvimento.
A PF, no entanto, considera o material reunido como evidência de uma atuação coordenada e profissional, resultado de uma estrutura clandestina formada para eliminar adversários.