O professor Celso da Silva Queiroz, afastado de suas funções pela Prefeitura de Alta Floresta (MT), falou ao portal Clique Notícias sobre a polêmica envolvendo uma atividade aplicada a alunos do 5º ano da Escola Municipal Jardim das Flores, que abordava temas relacionados às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O caso ganhou repercussão na imprensa após o pai de uma aluna de 10 anos divulgar, em suas redes sociais, uma questão de matemática que mencionava o uso de preservativos em relações sexuais, retirada do caderno da filha.
Após a repercussão estadual, o professor se viu no "olho do furacão". O episódio gerou críticas de autoridades como a deputada estadual Janaína Riva, que anunciou moção de repúdio na Assembleia Legislativa. O caso também repercutiu entre vereadores de Alta Floresta.
Segundo Queiroz, a pressão pública e política tem sido intensa. “A mídia está focando muito nisso. Eu não estou com coragem de sair nem ali na rua”, afirmou. "Tudo que estão colocando, é como se eu tivesse inventado isso, do nada, e simplesmente fui lá e fiz porque eu quis, sem ninguém ter visto”, continuou.
Celso Queiroz, que atuava como professor do 5º ano na Escola Municipal Jardim das Flores, defendeu-se dizendo que a atividade fazia parte do conteúdo previsto na grade curricular. “O assunto tratado na aula era IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e está na carga horária e na DCM (Diretrizes Curriculares Municipais). A única coisa que não está lá são as perguntas, que de fato sim, eu elaborei”, explicou o professor, acrescentando que a atividade não era de matemática e sim, ciências.
Segundo ele, a atividade não era uma prova, mas uma tarefa, e foi submetida à coordenação pedagógica. “Naquele momento a coordenadora olhou, sim. Ela falou para mim que estava bom. Tanto é que eu tenho a cópia da ata na escola que ela fala que ela olhou as palavras. Nós professores somos orientados por uma gestão. Então, no momento que falou para mim que estava bom, eu entendi que eu fiz um bom trabalho e fui lá aplicar”, relatou.
O professor afirmou também que a menção ao uso de preservativos foi feita dentro do contexto do conteúdo sobre prevenção de ISTs. “DST são doenças sexualmente transmissíveis e o próprio nome sexualmente, já refere que é através de sexo. E está na DCM e quando você vai falar sobre isso, já aparece as formas de prevenção e a forma de prevenir mais eficaz é o uso de preservativo, as camisinhas, e foi aí que eu fiz.”
Sobre seu afastamento, Queiroz demonstrou frustração: “Eu estou pensando se tudo é para me ajudar mesmo, ou é para abafar já e ficar tudo em cima de mim. Não sei!” desabafou o professor, revelando que o diretor leu o texto base do planejamento e se dispôs a ir na sala explicar o conteúdo, ajuda aceita por ele.
O professor também relatou que, ao perceber o desconforto de uma aluna com o conteúdo, buscou orientação da escola. “Quando ela falou que não queria trabalhar aquilo lá porque o pai dela falou que não era para ela ver sobre isso eu falei, não quero problema para mim, porque está ali na DCM. Eu fui lá e falei com a coordenadora. A coordenadora chamou o diretor. Ele entrou na sala sim, até que a explicação foi mais ele que fez” revelou.
Queiroz negou qualquer tentativa de inserção de ideologia na aula e reconheceu que o problema esteve na escolha das palavras. “Eu não quero acusar as pessoas, mas só quero expor meu ponto de vista porque não fiz nada com mau intensão” esclareceu.
“Foram umas palavras não adequadas. Porém, naquele momento eu não me toquei. Eu não fui com o intuito de aguçar alguma coisa sexual em aluno nenhum. Eu não fiz com más intensões. Eu apenas fui trabalhar ali a realidade” disse o professor, explicando que trabalha todas as disciplinas na série, onde ministra, e que por esse motivo trabalhou o conteúdo para embalar a parte de gráfico e porcentagens, que segundo ele, os alunos encontram um pouco de dificuldade.
Celso é natural de Alta Floresta, onde voltou a residir após ser aprovado em concurso público. Antes disso, viveu por nove anos em Nova Mutum (MT), onde atuou como monitor de creche. Formou-se em 2022 e concluiu uma pós-graduação no ano seguinte. Voltou à cidade natal para assumir a vaga conquistada por concurso, mas hoje, se vê no centro de uma crise pública e pessoal.
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