Listas como o Google Year in Search ajudam a mapear, ano após ano, os temas que mais despertam curiosidade no público — de grandes eventos a fenômenos culturais. Em 2020, palavras como “coronavírus” e “auxílio emergencial” dominaram as buscas dos brasileiros. Já em 2023, expressões como “Barbie”, “Big Brother Brasil” e “chatGPT” apareceram entre os termos mais pesquisados, refletindo os interesses coletivos do momento. Seguindo essa lógica de investigação sobre comportamento digital, uma plataforma adulta brasileira decidiu olhar para os próprios dados: o que as pessoas realmente desejam buscar quando o assunto é prazer?
A empresa analisou, de forma confidencial, os termos mais digitados por seus assinantes na barra de pesquisa da plataforma ao longo do mês de julho. A expectativa era encontrar palavras ligadas a fantasias tradicionais, mas o resultado surpreendeu até a equipe. Em vez de cenários glamourosos ou personagens clássicos, os termos mais recorrentes estavam relacionados a detalhes do dia a dia — itens domésticos, imperfeições corporais e situações comuns que, fora do contexto adulto, poderiam passar despercebidas.
Entre os termos que mais apareceram nas buscas estavam expressões como “pé sujo”, “roupa de faxina”, “unha quebrada”, “chulé com meia branca”, “barulho de chinelo”, “voz rouca depois do treino”, “lanche da madrugada”, “respiração pesada dormindo”, “cabelo molhado de banho” e “calça de moletom rasgada”. Todos remetem a sensações ou imagens ligadas à rotina mais íntima e natural, e não a uma estética idealizada.
Segundo os responsáveis pela análise, muitas dessas buscas vinham acompanhadas de frases completas ou descrições detalhadas, o que indica uma imaginação ativa e um envolvimento afetivo com a cena. Em vez de digitar apenas uma palavra-chave, parte dos usuários descrevia situações completas — como “chegando do treino com a voz rouca” ou “andando de chinelo pela casa depois do banho”.
Para Alexandre Peccin, CEO da plataforma, o resultado é um reflexo claro de mudanças no comportamento do consumidor de conteúdo adulto. “Os resultados desafiam os estereótipos do setor. Mostram que o desejo está muito mais ligado à imaginação e à identificação pessoal do que a fórmulas óbvias ou fantasias produzidas”, explica. “Nossos usuários querem ver cenas com as quais se conectam de verdade, mesmo que isso envolva um pé sujo ou uma roupa velha de ficar em casa. É a estética da vida real que desperta interesse hoje.”
Peccin também destaca que os dados serão compartilhados com os criadores da plataforma, para que possam explorar novas narrativas alinhadas com o comportamento atual do público. “Essas informações são valiosas para quem cria. Mostram que há um espaço enorme para contar histórias que partem do real, do imperfeito, do íntimo. E isso é libertador, inclusive para as próprias criadoras de conteúdo.”
Com forte crescimento nos últimos dois anos, a plataforma é hoje uma das maiores do Brasil no segmento adulto e se destaca entre os criadores independentes por seu modelo direto de relacionamento com os fãs, baseado em liberdade criativa, segurança e autenticidade. A empresa já planeja repetir o levantamento em agosto, como forma de acompanhar de perto as transformações do desejo e as tendências que surgem onde menos se espera.