O Tesouro Direto registrou vendas recordes de R$ 11,69 bilhões em março, informou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira (30/4). Esse é o maior volume mensal desde a criação do programa, em 2002. O recorde anterior havia sido registrado em agosto de 2023, com R$ 8,01 bilhões.
A alta expressiva — 102,86% superior a fevereiro e 231,11% maior que março do ano passado — foi impulsionada principalmente pelo vencimento de títulos corrigidos pela Taxa Selic, que foram trocados por papéis novos. Só os resgates desses papéis somaram R$ 11,53 bilhões, enquanto as vendas atingiram R$ 7,39 bilhões.
Os títulos mais procurados em março foram os vinculados à Selic, com 63,2% das vendas. Os papéis atrelados à inflação (IPCA) representaram 19,1% do total, seguidos pelos títulos prefixados, com 11,6%. Lançado em 2023, o Tesouro Renda+ respondeu por 4,9% das vendas, enquanto o Tesouro Educa+, voltado à poupança para o ensino superior, ficou com 1,2%.
A preferência por títulos ligados aos juros básicos se explica pela alta da Selic, que chegou a 14,25% ao ano, tornando esses papéis mais atrativos. Já os papéis corrigidos pelo IPCA ganham força diante da expectativa de inflação mais elevada nos próximos meses.
O estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 165,1 bilhões ao fim de março, alta de 0,66% frente a fevereiro e de 23,88% em relação a março de 2024. Mesmo com mais resgates do que vendas no mês (diferença de R$ 742,3 milhões), o estoque cresceu por causa da correção dos juros.
Perfil dos investidores
Apesar do recorde em vendas, 78,9 mil investidores saíram do programa em março após embolsarem ganhos com os papéis da Selic e não reinvestirem. Ainda assim, o número total de investidores no Tesouro Direto chegou a 31,97 milhões, com alta de 14,17% em 12 meses. O número de investidores ativos (com operações em aberto) ficou em 2,95 milhões, crescimento de 15,4% no período.
As operações de pequeno valor seguem predominantes: 72,2% das 904.506 operações registradas em março foram de até R$ 5 mil. Aplicações de até R$ 1 mil representaram 48,9%. Já o valor médio por operação bateu recorde: R$ 12.924,37.
Quanto ao prazo, 46,7% das vendas foram de títulos com vencimento de até cinco anos; 38,7% com prazo entre cinco e dez anos; e 14,6% com prazo superior a dez anos.