A Petrobras confirmou que vai reassumir a posse e a operação das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados de Camaçari (BA) e Laranjeiras (SE), que estão paradas desde 2023. As duas unidades, arrendadas à iniciativa privada desde 2020, fazem parte de um acordo aprovado pelo Conselho de Administração da estatal para encerrar disputas contratuais com a Proquigel, empresa do grupo Unigel.
A informação foi divulgada por meio de comunicado ao mercado, em resposta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), após reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo. Segundo a estatal, o objetivo é oferecer uma solução definitiva e economicamente viável para o fornecimento de fertilizantes no país, atualmente dependente de importações para cerca de 80% do consumo interno.
O acordo ainda depende da aprovação da Proquigel. A Petrobras informou que, após a confirmação, será aberta uma licitação para contratar os serviços de operação e manutenção das plantas industriais. A concretização do negócio também está condicionada ao cumprimento de exigências prévias, não detalhadas no comunicado.
As fábricas estavam inativas por dificuldades financeiras da arrendatária. Agora, com a retomada, a estatal pretende integrar a produção de fertilizantes à cadeia de exploração de gás natural e à transição energética, em linha com seu plano de negócios.
Com capacidade instalada para produzir, juntas, mais de 3 mil toneladas de ureia por dia, além de amônia, gás carbônico, sulfato de amônio e Arla 32, as unidades são consideradas estratégicas para o agronegócio. O insumo é essencial para a produtividade no campo e tem impacto direto no preço final dos alimentos.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) comemorou o avanço do processo e destacou a geração estimada de 2,4 mil empregos diretos e indiretos. Para a entidade, a paralisação das fábricas aumentou a dependência externa e pressionou os custos da produção agrícola brasileira, afetando principalmente os pequenos e médios produtores.
A retomada das Fafens se soma à reativação da fábrica da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, anunciada em 2024. Juntas, essas ações marcam o retorno da Petrobras ao setor de fertilizantes e refletem a nova política da companhia sob o comando de Magda Chambriard, que já havia manifestado, em sua posse, o interesse em ampliar a produção nacional do insumo.