Em um cenário de crescente instabilidade econômica e novos ataques verbais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o ouro se tornou novamente o protagonista dos mercados internacionais. Nesta terça-feira (22), o metal precioso atingiu um recorde histórico no mercado à vista, ultrapassando US$ 3.500 por onça.
A disparada do ouro reflete o clima de desconfiança global, agravado pelas tensões comerciais provocadas pelas medidas protecionistas de Trump e pelas críticas à independência do banco central americano. O reflexo imediato foi uma verdadeira corrida aos ativos de refúgio: além da alta do ouro, investidores venderam ações e títulos do Tesouro em larga escala, pressionando o dólar, que perdeu força frente a diversas moedas.
Analistas da RBC Capital Markets destacaram que “o ouro voltou a atingir outro recorde, com sua reputação de porto seguro brilhando intensamente”. Para eles, a desconfiança crescente em relação à autonomia do Fed é combustível para a valorização do metal:
“Com a incerteza relacionada à independência do Fed, o ouro continua a se beneficiar como um porto seguro — e não vinculado ao dólar americano”.
Enquanto o ouro sobe, os mercados asiáticos e europeus encerraram o dia no vermelho. O índice futuro do S&P 500 indicava uma possível recuperação modesta na abertura do pregão em Nova York. Já o dólar manteve o comportamento instável: recuou frente ao iene japonês, oscilou contra o euro e acumulou a décima queda consecutiva frente à libra esterlina — o que pode configurar a mais longa sequência de desvalorização desde 1971, segundo dados da Bloomberg.
O rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos também subiu discretamente, alcançando 4,41%.