As exportações de carne bovina de Mato Grosso para os Estados Unidos despencaram quase 73% entre os meses de abril e junho deste ano, caindo de US$ 27,2 milhões para apenas US$ 7,4 milhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A queda acentuada ocorre mesmo antes da entrada em vigor do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que começa oficialmente nesta sexta-feira, 1º de agosto.
O recuo mostra que o setor já sente os reflexos da retaliação econômica anunciada pelo governo americano, gerando insegurança nos contratos e afetando diretamente a cadeia logística de exportação.
A nível nacional, a exportação de carne brasileira para os EUA sofreu retração de 67%, caindo de US$ 229,4 milhões para US$ 75,3 milhões no mesmo período.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo), Paulo Bellicanta, o impacto se deu logo após o anúncio da medida.
“A exportação trabalha com prazos longos, de 60 a 90 dias. Quando há incerteza, os compradores recuam e a indústria entra em compasso de espera. Estamos diante de um cenário onde se fala muito, mas falta clareza. Só com as medidas em vigor será possível dimensionar a real gravidade”, afirma.
Apesar da queda brusca no comércio com os EUA, especialistas avaliam que o impacto sobre a economia mato-grossense será limitado.
Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), apenas 7% das exportações de carne bovina do estado têm como destino os Estados Unidos, o que confere ao setor um certo grau de proteção temporária.
Mesmo sob tensão internacional, Mato Grosso encerrou o primeiro semestre de 2025 com crescimento nas exportações de carne.
De janeiro a junho, foram embarcadas 371,7 mil toneladas de carnes bovina, suína e de aves, representando um aumento de 5,4% em comparação ao mesmo período de 2024, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A performance positiva é atribuída à diversificação de mercados e ao fortalecimento de parcerias com países da Ásia e do Oriente Médio, além de investimentos em certificações sanitárias e aprimoramento da qualidade dos produtos.
O setor produtivo mato-grossense, embora atento à tensão com os EUA, segue apostando em novos horizontes para sustentar o ritmo de crescimento nas exportações.