Um gráfico apresentado pela TV Globo na noite de quinta-feira (29) evidenciou que os maiores picos de cobrança de impostos no Brasil, desde 2003, ocorreram justamente nas gestões do Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo a representação visual, o ápice da carga tributária brasileira foi registrado em 2016, durante o segundo mandato da então presidente Dilma Rousseff, quando a tributação chegou a quase 42% do Produto Interno Bruto (PIB).
Coincidentemente — ou não — esse também foi o período em que o Brasil mergulhou na maior recessão de sua história, provocando desemprego em massa, queda na renda e retração econômica generalizada, apesar do recorde de arrecadação. O contraste entre o alto esforço fiscal da população e o colapso econômico agravou o desgaste do governo e reforçou a percepção de desequilíbrio entre arrecadação e entrega de serviços.
Após esse pico, a carga tributária apresentou queda gradual, atingindo o menor patamar dos últimos anos em 2022, no final do governo Jair Bolsonaro. No entanto, o gráfico aponta uma nova escalada na arrecadação federal, que voltou a crescer de forma constante já nos primeiros anos do atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, aproximando-se novamente da marca de 41%.
O dado é alarmante porque, além de o Brasil repetir os mesmos níveis recordes de impostos, o governo federal já admite dificuldades para manter as contas públicas equilibradas nos próximos anos. Estimativas do próprio Ministério da Fazenda apontam que, em 2027, o país poderá enfrentar um cenário em que não haverá recursos suficientes para cobrir todas as despesas, mesmo diante de uma das maiores cargas tributárias do planeta.
Estudos internacionais reforçam o alerta. Entre os 30 países com maior carga tributária do mundo, o Brasil figura entre os líderes em arrecadação e, paradoxalmente, está entre os que menos devolvem serviços públicos de qualidade à população. De acordo com essas análises, o brasileiro trabalha, em média, cerca de 150 dias por ano apenas para pagar tributos, com pouco retorno em infraestrutura, saúde, segurança ou educação.
Especialistas apontam que os gastos do Estado brasileiro são majoritariamente direcionados ao custeio da máquina pública, como aposentadorias e salários de servidores, enquanto investimentos diretos em serviços e obras estruturais são cada vez mais limitados. O chamado “sufoco fiscal”, somado à baixa aplicação em infraestrutura, tem sido apontado como um dos principais entraves ao desenvolvimento econômico do Brasil, em especial quando comparado a outras nações com mais de 200 milhões de habitantes.