O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, na comparação com os últimos três meses de 2024. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (30/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a agropecuária foi o setor de maior destaque, com alta de 12,2%.
Segundo o IBGE, o bom desempenho do campo foi favorecido por condições climáticas positivas e por uma safra recorde de soja, principal produto agrícola do país. A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, destacou ainda a baixa base de comparação do ano anterior como fator que potencializou os números.
Entre os demais setores, os serviços avançaram 0,3%, impulsionados pelas áreas de informação e comunicação (3%), outras atividades de serviços (0,8%) e atividades imobiliárias (0,8%). Já a indústria apresentou leve recuo de 0,1%, reflexo do desempenho negativo das indústrias de transformação (-1,0%) e da construção (-0,8%).
Comparação anual e projeções
Em relação ao mesmo período de 2024, o PIB brasileiro subiu 2,9%, com a agropecuária novamente em evidência, crescendo 10,2%. Produtos como soja (13,3%), milho (11,8%) e arroz (12,2%) tiveram resultados expressivos. A indústria avançou 2,4% e os serviços, 2,1%.
No acumulado de 12 meses, a economia nacional registra alta de 3,5%. Para o ano, o Banco Central projeta expansão de 1,9%, enquanto o Ministério da Fazenda estima um crescimento mais otimista, de 2,4%. No mercado financeiro, a expectativa é de um avanço de 2,14% em 2025.
Investimentos e demanda interna
A formação bruta de capital fixo, que representa os investimentos no país, aumentou 3,1% no trimestre e acumula cinco trimestres consecutivos de alta na comparação anual, com destaque para a construção civil e a produção de bens de capital. Já a despesa de consumo das famílias subiu 1%, refletindo o aumento da massa salarial e do crédito, mesmo diante de juros ainda elevados.
Na demanda externa, as exportações cresceram 2,9%, enquanto as importações avançaram 5,9% frente ao último trimestre de 2024, puxadas pela aquisição de equipamentos de transporte, produtos químicos e máquinas e aparelhos elétricos.
PIB em valores e poupança
Em valores correntes, o PIB nacional somou R$ 3 trilhões entre janeiro e março de 2025, sendo R$ 2,6 trilhões referentes ao valor adicionado a preços básicos e R$ 431,1 bilhões de impostos sobre produtos líquidos de subsídios. A taxa de investimento atingiu 17,8% do PIB, acima dos 16,7% do mesmo período de 2024, e a taxa de poupança subiu de 15,5% para 16,3%.
Panorama setorial
Nos serviços, que representam cerca de 70% da economia, o destaque ficou com o setor de informação e comunicação, que acumula crescimento superior a 38% desde a pandemia, impulsionado pelo aumento da demanda por internet e desenvolvimento de softwares.
Na indústria, apesar do desempenho negativo de algumas atividades, houve alta em eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos (1,5%) e nas indústrias extrativas (2,1%). Já a agropecuária, com participação aproximada de 6,5% no PIB, continua como motor de expansão, embalada pela safra favorável e por bons preços no mercado externo.
Expectativa para os próximos meses
A expectativa é de que o bom desempenho do agronegócio continue sustentando a atividade econômica brasileira no segundo trimestre, enquanto a indústria segue pressionada pela política monetária restritiva. O setor de serviços, por sua vez, tende a manter ritmo moderado de crescimento, sustentado pela recuperação gradual do consumo e pelos investimentos em tecnologia e comunicação.