O anúncio da imposição de uma tarifa de 50% sobre a carne brasileira pelos Estados Unidos provocou forte reação do setor frigorífico de Mato Grosso.
Em nota oficial divulgada na sexta-feira (1º), o Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT) classificou a medida como “injusta e desleal” e cobrou uma resposta imediata e estratégica do governo brasileiro, com base no diálogo diplomático e na escuta do setor produtivo.
Para o presidente da entidade, Paulo Bellincanta, o impacto da nova tarifa é significativo e deve ser tratado com máxima urgência pelo Itamaraty.
Ele argumenta que o setor já opera com margens de lucro estreitas e que uma medida desse porte, adotada de forma unilateral e sem distinção por tipo de produto, tem potencial para causar prejuízos comparáveis a desastres naturais.
“A carne é um produto de alto valor agregado, resultado de um processo produtivo complexo. Sem margem para variações bruscas, o setor não suporta oscilações drásticas de preço. Errar em uma guerra comercial é como permitir que o míssil detone dentro da nossa trincheira”, afirmou.
Bellincanta também destacou que a adoção de medidas precipitadas por parte do governo brasileiro, como retaliações comerciais automáticas, pode agravar a situação.
Ele defendeu que qualquer reação deve fazer parte de uma estratégia de negociação bem estruturada, conduzida com base na racionalidade, e não na ideologia.
O Sindifrigo-MT reitera que é essencial envolver diretamente os empresários e técnicos do setor nas decisões, para garantir que as ações governamentais estejam alinhadas à realidade do mercado e às necessidades do país.
“Não será com decretos de reciprocidade que resolveremos um impasse como esse. É hora de passar a bola à diplomacia e trabalhar em conjunto, sem discursos inflamados ou ações de fachada”, declarou o dirigente.
A nota finaliza com um apelo para que o governo federal atue de forma articulada e técnica, dando protagonismo ao Itamaraty e aos setores produtivos diretamente afetados.
Para Bellincanta, o diálogo é a única via capaz de evitar que o Brasil sofra perdas ainda maiores em um mercado global competitivo e volátil.
Enquanto isso, o prejuízo já começa a ser calculado: 98% das exportações mato-grossenses aos EUA estão comprometidas com a nova política tarifária, em um setor que rendeu US$ 1,35 bilhão em exportações de carne bovina apenas no mês de julho.