A Gerdau, um das gigantes da siderurgia brasileira, informou nesta sexta-feira (1º/8) que já demitiu cerca de 1,5 mil funcionários desde o início deste ano, em meio a um cenário considerado “assustador” no setor.
A informação foi divulgada pelo CEO da companhia, Gustavo Werneck, em conversa com jornalistas. Segundo o executivo, as demissões se concentraram nas unidades da Gerdau nas cidades de Pindamonhangaba (SP) e Mogi das Cruzes (SP).
Na entrevista coletiva, o CEO da Gerdau confirmou ainda que a empresa está em processo de redução de investimentos no Brasil e que há possibilidade de mais demissões nos próximos meses.
“Vamos promover adequações de capacidade, porque a importação segue crescendo aqui. Esperávamos que o governo implementasse medidas mais duras para o aço importado”, afirmou Werneck.
Ainda segundo Werneck, “assim que o governo federal colocar medidas de defesa comercial, imediatamente a gente pode voltar com essas usinas”.
“Estávamos segurando algumas demissões até a reunião do Gecex [Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior] sobre importados”, relatou Werneck. A reunião aconteceu no dia 24 de julho.
Tarifaço
De acordo com o CEO da Gerdau, a empresa, em princípio, não é tão atingida pelo tarifaço comercial de 50% anunciado pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o aço do Brasil.
Como a companhia produz aço nos EUA e não opera como exportadora nesse caso, o impacto deve ser bem menor.
“Produzimos aço diretamente nos EUA e, em tese, não seríamos afetados pela tarifa. Em território americano, operamos como se fôssemos uma empresa americana”, disse Werneck.
Na quinta-feira (31/7), Trump assinou um decreto que amplia as chamadas “tarifas recíprocas” aplicadas a dezenas de países. A medida, que eleva os encargos sobre produtos estrangeiros que entram no mercado norte-americano, é justificada pelo governo como uma resposta a desequilíbrios comerciais e, em alguns casos, a questões de segurança pública.
As novas tarifas, que variam entre 10% e 41%, começarão a ser aplicadas no dia 7 de agosto, e não mais neste dia 1º, como prometido anteriormente. No entanto, mercadorias embarcadas para os EUA antes dessa data e que cheguem ao país até 5 de outubro estarão isentas da nova tributação.