Pouco conhecida do grande público, temida por autoridades de bastidores e celebrada por ativistas de direitos humanos, a Lei Magnitsky Global é uma das ferramentas legais mais poderosas já criadas contra a corrupção transnacional e a violação sistemática de direitos fundamentais. Mas agora, em meio a um novo ciclo de instabilidade política e suspeitas de conivência entre membros do alto escalão brasileiro e regimes autoritários, o Brasil entrou no radar definitivo dessa legislação e o impacto pode ser sísmico.
O que é a Lei Magnitsky?
Criada nos Estados Unidos em 2012, em resposta à morte do advogado russo Sergei Magnitsky torturado até a morte após denunciar um esquema bilionário de corrupção estatal na Rússia , a Global Magnitsky Human Rights Accountability Act permite que o governo americano sancione, de forma direta e extraterritorial, indivíduos e entidades estrangeiras envolvidos em corrupção grave ou abusos de direitos humanos.
As sanções incluem:
• Congelamento de bens e ativos financeiros nos EUA
• Bloqueio de transações internacionais em dólares
• Cancelamento de vistos e proibição de entrada nos EUA
• Restrição de acesso a sistemas bancários globais que operam com instituições americanas
E, talvez o mais grave: o estigma irreversível de estar na lista negra global da democracia internacional.
Por que o Brasil entrou na mira agora?
Desde 2023, diversos congressistas americanos, ONGs e think tanks como o Hudson Institute, a Freedom House e o Foundation for Defense of Democracies vêm pressionando o Departamento de Estado a aplicar a Lei Magnitsky contra atores políticos e empresariais brasileiros suspeitos de envolvimento em:
• Alianças estratégicas com regimes sancionados (Irã, Venezuela, Rússia)
• Acordos secretos com ditaduras africanas e do Oriente Médio em troca de favores comerciais
• Violência policial sistemática em comunidades vulneráveis
• Corrupção em obras públicas financiadas com dinheiro internacional
• Perseguição a opositores políticos e ativistas ambientais
O alarme soou mais alto após uma série de encontros não divulgados entre representantes do governo brasileiro e diplomatas iranianos ligados à Guarda Revolucionária Islâmica uma organização designada como terrorista pelos EUA.
O que está por vir: nomes, contas congeladas e constrangimento diplomático
Fontes ligadas ao Congresso americano confirmaram ao Folha do Estado que pelo menos oito nomes de políticos brasileiros incluindo ministros, governadores e ex-membros do alto escalão federal estão em análise preliminar para inclusão na lista de sanções.
Entre eles, há suspeitas de ocultação de patrimônio em paraísos fiscais, lavagem de dinheiro via criptomoedas, participação indireta em projetos extrativistas ilegais e apoio financeiro a entidades ligadas ao extremismo internacional.
Caso confirmadas as sanções, esses indivíduos:
• Terão suas contas bancárias congeladas no exterior
• Estarão proibidos de fazer negócios com qualquer empresa ou banco que opere sob leis americanas
• Poderão sofrer restrições em outras nações aliadas dos EUA, como Reino Unido, Canadá e União Europeia
E o recado será claro: o mundo democrático não tolerará mais a impunidade com sotaque latino-americano.
Efeitos colaterais: economia brasileira sob risco
Engana-se quem pensa que os impactos se limitam a políticos. A Lei Magnitsky tem o poder de afetar conglomerados inteiros, redes empresariais, fundos de pensão, exportadoras, empresas de tecnologia e até startups, caso estejam ligadas mesmo que indiretamente a figuras sancionadas.
Especialistas alertam para um novo tipo de fuga de capital: não a tradicional evasão fiscal, mas a retirada silenciosa de investidores que não querem ver seus nomes associados a uma economia sob suspeita.
Além disso:
• A imagem internacional do Brasil sofre um abalo profundo, afastando rodadas de investimento e acordos bilaterais.
• Exportadores de commodities podem ter dificuldades em manter relações com compradores americanos e europeus.
• Empresas de tecnologia financeira poderão ser excluídas de plataformas globais de pagamento e financiamento.
Um divisor de águas moral e jurídico
Em meio a tudo isso, o Brasil se encontra diante de uma encruzilhada histórica: ou se alinha aos valores universais de transparência, legalidade e direitos humanos, ou continuará sendo visto como um pária conivente com ditaduras e predadores do Estado.
A aplicação da Lei Magnitsky no Brasil não é apenas uma ação jurídica. É uma sentença moral.
Se confirmada, essa será a maior ruptura diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos desde a ditadura militar e uma cicatriz difícil de apagar.
Mila Schneider Lavelle é jornalista com formação também em teologia e especialista em Marketing, tendo atuado como Head Manager de grandes projetos internacionais e nacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital, com ênfase em geopolítica e temas internacionais, sobretudo ligados ao Oriente Médio.