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BRASIL Terça-feira, 29 de Julho de 2025, 12:57 - A | A

Terça-feira, 29 de Julho de 2025, 12h:57 - A | A

ASSOCIAÇÃO MORIÁ

Saiba quais parlamentares enviaram emendas para associação alvo da PF

O Metrópoles revelou irregularidades envolvendo a Associação Moriá, como diretores laranjas e documentos com informações falsas

Metrópoles

Alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) na manhã desta terça-feira (29/7), a Associação Moriá é investigada por suposto desvio de recursos públicos oriundos de emendas parlamentares destinados à realização de projeto gamer.

 

Em dois anos, de 2023 a 2024, a Associação Moriá foi indicada para receber R$ 53 milhões de parlamentares do Distrito Federal.

 

Do valor total, R$ 8 milhões já foram efetivamente pagos: R$ 7,5 milhões enviados pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) e R$ 500 mil da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania). Os parlamentares não foram alvo da operação.

 

Deputados e senadores de Alagoas, Acre, Espírito Santo e Rio de Janeiro também destinaram emendas à associação. Além do custeio do programa que ensina jovens a jogarem games como LoL e Free Fire, a Associação Moriá foi escolhida para executar projetos de cursinho do Enem, de combate à dengue, de empoderamento feminino e para apresentações musicais.

 

Veja quem são os autores das emendas individuais:

 

ex-deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC): R$ 9,8 milhões;

senador Izalci Lucas (PL-DF): R$ 7,5 milhões;

ex-senadora Rose de Freitas (MDB-ES): R$ 5 milhões;

deputado federal Fred Linhares (Republicanos-DF): R$ 4,9 milhões;

ex-deputado federal Pedro Augusto (PP-RJ): R$ 4,7 milhões;

deputado federal Gilvan Maximo (Republicanos-DF): R$ 1,9 milhão;

deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania-DF): R$ 500 mil;

ex-senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL): R$ 400 mil; e

deputado federal Prof. Reginaldo Veras (PV-DF): R$ 400 mil.

 

Os repasses já realizados e que estão em fase de execução ou de prestação de contas são referentes a uma das emendas do ex-deputado Pedro Augusto (R$ 4 milhões), a uma emenda da ex-deputada Perpétua Almeida (3,1 milhões), e às emendas integrais do senador Izalci Lucas e da deputada Paula Belmonte. As demais não foram pagas ainda.

 

A Associação Moriá também foi a destinatária de emendas de bancada de Minas Gerais, no valor de R$ 580 mil, e do DF, abocanhando R$ 37,9 milhões. Em relação à última, os parlamentares que enviaram os valores foram:

 

deputado federal Fred Linhares (Republicanos-DF): R$ 27,6 milhões;

senador Izalci Lucas (PL-DF): R$ 8 milhões;

deputada federal Bia Kicis (PL-DF): R$ 1,5 milhão; e

deputado federal Julio Cesar (Republicanos-DF): R$ 800 mil.

 

Suspeitas

A coluna Grande Angular revelou que a associação é chefiada por um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista – todos considerados “laranjas” – e não funciona no endereço registrado em documentos oficiais.

 

A associação recebeu quase R$ 46 milhões para um programa que visava ensinar crianças e adolescentes a jogar games como Free Fire e Valorant.

 

Para contar com as emendas da bancada do Distrito Federal para esse projeto, a entidade apresentou ao Ministério do Esporte um projeto técnico pedagógico que propunha a criação de 29 salas gamers em espaços cedidos pela Secretaria de Educação (SEEDF), mas a pasta nega ter aprovado qualquer proposta da ONG.

 

A associação declarou que possui uma equipe composta por educadores, agentes de saúde, gestores, instrutores e consultores, com experiência de atuação comprovada. A reportagem apurou, porém, que a associação não dispõe do corpo técnico informado.

 

Operação Korban

A operação que acontece nesta terça-feira foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Cinco dirigentes da associação e seis empresas subcontratadas pela entidade, bem como seus sócios, são alvo de busca e apreensão da PF na operação denominada de Korban.

 

A apuração começou com uma auditoria da CGU em convênios celebrados pela Associação Moriá e o Ministério do Esporte entre 2023 e 2024. A CGU indicou potenciais irregularidades na execução dos convênios para realização de edições dos Jogos Estudantis Digitais (Jedis) no Distrito Federal e no Espírito Santo, o que pode ter causado um prejuízo de R$ 13,2 milhões aos cofres públicos.

 

Os auditores apontaram possível direcionamento indevido de subcontratações, conluio entre empresas envolvidas nas terceirizações do projetos gamers e contratação de firmas de fachada.

 

Como mostrou o Metrópoles, embora não sejam alvo da operação, foram os senadores Izalci Lucas e a então senadora Rose de Freitas que enviaram as emendas que custearam os convênios sob suspeita.

 

As irregularidades mapeadas resultaram em possíveis sobrepreços nas subcontratações, prejuízos potenciais advindos de cotações prévias inidôneas e danos decorrentes da subcontratação de possíveis empresas de fachada.

 

Izalci disse que “reforça seu compromisso com a aplicação eficaz e transparente do dinheiro público” e, por isso, cancelou o repasse do valor da emenda de bancada que seria destinado à associação. Ele ainda afirmou que o Ministério do Esporte é o responsável por analisar, aprovar e fiscalizar a execução dos projetos fomentados pela pasta.

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