Jorge Beltrão Negromonte, condenado por envolvimento nos crimes que chocaram o país no caso dos "Canibais de Garanhuns", está atuando como pastor evangélico dentro da Penitenciária Barreto Campelo, localizada na Ilha de Itamaracá, Região Metropolitana do Recife.
Em vídeo recente, Jorge aparece durante um culto no presídio, vestindo camisa social, gravata e com um violão nas costas. Ao lado do diácono Rodrigo Gracino e do missionário Peterson, ele cita versículos bíblicos, relata sua conversão e declara: “Quem está em Cristo é nova criatura”, em referência ao versículo 2 Coríntios 5:17.
Segundo o advogado Giovanni Martinovich, Jorge exerce há mais de dois anos o papel de pastor dentro da unidade. “Ele quer viver preso como pastor. Lá dentro, escolheu o caminho do bem”, afirma.
Apesar de ter direito à progressão da pena, que permitiria o cumprimento do restante em prisão domiciliar, Jorge optou por permanecer recluso. Durante julgamento anterior, justificou a escolha com uma fala direta: “Se sair, volto a escutar aquelas vozes. Volto a matar”.
Além do temor de recaídas associadas à esquizofrenia — condição psiquiátrica reconhecida em seus laudos —, o preso também teme ser morto fora da prisão. “Ele acredita que, se souberem que é o canibal, será assassinado. Por isso, prefere permanecer onde está”, explicou Martinovich.
A repercussão do vídeo dentro e fora da penitenciária chamou atenção. “Já mandaram esse vídeo dezenas de vezes, achando que é encenação. Mas não é. Lá dentro, ou você escolhe o bem ou o mal”, completou o advogado.
Apesar da mudança de comportamento e da conversão religiosa, nem Jorge nem sua defesa têm intenção de pedir redução da pena. A decisão de permanecer no sistema prisional, segundo eles, é definitiva.