O Pessach (ou Passover, em inglês) é uma das festividades mais sagradas e simbólicas do calendário judaico. Comemorado anualmente por oito dias (sete em Israel), ele celebra a libertação do povo judeu da escravidão no Egito, um marco espiritual e histórico que molda a identidade judaica até os dias de hoje.
A História por Trás da Festa
A origem do Pessach remonta à narrativa bíblica do Êxodo. Após anos de opressão, D’us ordena a Moisés que conduza os israelitas para fora do Egito. Antes da libertação, ocorreu a décima praga: a morte dos primogênitos egípcios. Os lares dos hebreus foram poupados ao marcarem suas portas com o sangue de um cordeiro, o que deu origem ao nome da festa: “Pessach”, que significa “passagem” ou “passar por cima”.
O Que se Pode ou Não Comer
Durante os dias de Pessach, os judeus observam leis alimentares rigorosas que proíbem o consumo de qualquer alimento fermentado (chamado chametz), ou seja, tudo que contém trigo, cevada, centeio, espelta ou aveia que tenha fermentado ou levedado. Isso inclui pães, bolos, massas, cervejas e até certos temperos industrializados.
Em lugar do pão fermentado, consome-se a matzá um pão ázimo, feito apenas de farinha e água, assado antes que possa fermentar.
Além disso, comunidades judaicas de origem Ashkenazi tradicionalmente também evitam leguminosas como arroz, milho, grão-de-bico e lentilhas, chamadas de kitniyot – embora isso varie entre os grupos.
A Noite do SederA Noite do Seder
O ponto alto do Pessach é o Seder, um jantar cerimonial realizado nas duas primeiras noites da festividade (apenas na primeira noite em Israel). Esse jantar é repleto de simbolismos e segue uma ordem pré-determinada (a palavra seder significa “ordem”).
Na mesa, é apresentada a Keará (prato do Seder), com alimentos que representam elementos da história do Êxodo:
• Ovos cozidos, símbolo da renovação.
• Maror (ervas amargas), lembrando a amargura da escravidão.
• Charosset (mistura de frutas e nozes), representando o barro usado pelos escravos.
• Karpas (vegetal verde), mergulhado em água salgada como símbolo das lágrimas.
• Zroa (osso de cordeiro), representando o sacrifício pascal.
Durante o jantar, são lidas passagens da Hagadá, o livro que narra a saída do Egito. A leitura é feita em família, com perguntas das crianças e participação ativa dos presentes, reforçando a importância da transmissão intergeracional da memória e da fé.
Mais do que uma Refeição, um Ato de Fé
Pessach não é apenas uma celebração histórica, mas um exercício de conexão com as raízes, com Deus e com a liberdade como valor espiritual. Ao remover o chametz das casas e dos corações, o judeu busca também se livrar de suas arrogâncias, egos inflados e hábitos negativos.
Mila Schneider Lavelle é jornalista com formação também em teologia e especialista em Marketing, tendo atuado como Head Manager de grandes projetos internacionais e nacionais. Reconhecida por sua análise crítica e estilo incisivo, é também influenciadora digital, com ênfase em geopolítica e temas internacionais, sobretudo ligados ao Oriente Médio.
Click aqui e receba notícias em primeira mão