Por Marcelo Di Giuseppe*
Pesquisa nacional do Instituto IBESPE, em parceria com a BR CALL, revela que apenas um em cada quatro brasileiros mantém apoio à proposta de taxar bilionários, bancos e casas de apostas (Taxação BBB) ao saber que isso pode gerar aumento de preços e tarifas.
Apesar da intensa campanha de marketing promovida pelo Governo Federal para ampliar a aceitação da chamada Taxação BBB — que pretende cobrar mais impostos de bilionários, bancos e casas de apostas — a adesão efetiva da população à medida é bastante inferior à expectativa. Segundo levantamento realizado pelo Instituto IBESPE em parceria com a BR CALL, apenas 25,4% dos brasileiros apoiam a proposta mesmo quando informados de que ela pode resultar em aumento de preços.
A pesquisa ouviu 1.035 eleitores entre os dias 1º e 3 de julho de 2025, em todas as regiões do Brasil, com margem de erro de 3 pontos percentuais e 95% de nível de confiança. Inicialmente, 40,5% dos entrevistados disseram concordar com a taxação. No entanto, após serem informados sobre os possíveis impactos negativos da medida, como o repasse de custos ao consumidor, apenas 62,8% desses mantiveram a concordância — o que representa apenas um quarto da população total.
Para Marcelo Di Giuseppe, cientista social e CEO do IBESPE, os dados mostram que a proposta, apesar de sedutora no discurso, encontra resistência quando seus efeitos práticos são compreendidos.
“Mesmo com o forte investimento em comunicação institucional, o apoio real à Taxação BBB não ultrapassa o núcleo duro de aprovação do governo Lula. Isso acende um alerta: se a oposição e a Câmara souberem trabalhar didaticamente os impactos da proposta, especialmente sobre os mais pobres, podem desgastar ainda mais a imagem do Governo”, analisa Di Giuseppe.
Ainda segundo o levantamento, regiões como Norte e Centro-Oeste apresentam maior taxa de apoio efetivo à medida (acima de 30%), enquanto as regiões Nordeste, Sudeste e Sul registram percentuais mais baixos, todos abaixo de 25%.
A pesquisa também aponta variações por faixa etária, escolaridade e intenção de voto nas eleições anteriores, evidenciando que o apoio à medida está diretamente relacionado ao grau de informação e ao perfil político do eleitor.
“É uma lição para qualquer governo: propostas populares no título podem se tornar impopulares nos detalhes”, conclui Marcelo Di Giuseppe.
*Marcelo Di Giuseppe
Cientista Político | Especialista em Estratégia Política e Opinião Pública
CEO do Instituto IBESPE
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