Uma prática cultural que pode soar inusitada aos olhos do mundo ocidental ainda é comum entre os Himba, tribo seminômade que vive no norte da Namíbia. Entre seus costumes está o chamado Okujepisa Omukazendu, uma tradição que consiste em o marido oferecer sua esposa como forma de acolhimento a visitantes de confiança.
Segundo os relatos, quando um hóspede — normalmente membro da mesma tribo — chega à casa, é comum o homem oferecer a companhia da esposa como sinal de hospitalidade. Durante a noite, a mulher dorme com o visitante, enquanto o marido repousa em outro cômodo ou, caso não haja espaço, ao relento.
De acordo com registros divulgados pelo portal britânico Daily Star, o objetivo da prática seria manter o equilíbrio emocional e afastar o ciúme, uma vez que o ato seria consensual e ritualizado, dentro de um código ético tribal. Um dos entrevistados, o blogueiro ganês Wode Maya, que visitou a comunidade, afirmou que a prática não é oferecida a visitantes estrangeiros, mas apenas entre membros da etnia Himba.
Outro aspecto marcante da cultura Himba é a poligamia, aceita socialmente tanto para homens quanto para mulheres. As mulheres, no entanto, enfrentam limitações dentro da estrutura familiar e têm pouca influência nas decisões diárias da aldeia.
Já a higiene feminina é marcada por uma tradição milenar: as Himba não tomam banho em rios ou com água corrente. No lugar disso, utilizam um processo chamado “defumação”, que consiste em expor o corpo ao vapor de ervas aromáticas, misturadas com gordura e pigmentos naturais. A proibição do banho com água está ligada à escassez do recurso na região, o que moldou os hábitos locais ao longo de gerações.
A espiritualidade também ocupa papel central na vida da tribo. Eles cultuam Mukuru, considerado o deus supremo da Namíbia. Para se conectar com o divino, cada família mantém aceso um fogo ancestral, cujo protetor realiza rituais periódicos a cada sete ou oito dias. Nesse momento, são feitas orações e oferendas aos antepassados, que, segundo a crença, funcionam como mensageiros entre o mundo dos vivos e dos deuses.
Migrantes de Angola há cerca de 200 anos, os Himba vivem da criação de gado e da coleta de recursos naturais. Mesmo com o avanço da globalização, seguem resistindo às pressões externas e mantendo seu modo de vida singular, marcado por códigos próprios de convivência, fé e identidade coletiva.