O número de famílias com pelo menos um integrante estrangeiro beneficiadas pelo Bolsa Família aumentou em 540% entre 2019 e 2024, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS) obtidos via Lei de Acesso à Informação. O crescimento significativo, impulsionado principalmente por imigrantes venezuelanos, acende o alerta sobre o uso e possível fraude em programas sociais federais.

De acordo com levantamento da Revista Oeste, 26,5 mil famílias estrangeiras eram atendidas pelo programa em 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro. Em 2024, sob a gestão do presidente Lula, o número saltou para 172,5 mil famílias. Com um valor médio de R$ 780 por pessoa, o impacto estimado no orçamento federal chega a R$ 1,7 bilhão ao ano apenas com estrangeiros beneficiários.

O maior contingente é formado por venezuelanos. Em 2019, eram 6,6 mil famílias do país vizinho no programa. Em 2024, esse número subiu para 84,9 mil. A explosão da demanda coincide com o agravamento da crise migratória na fronteira norte do país, especialmente em Roraima.

Além do Bolsa Família, o número de estrangeiros inscritos no Cadastro Único — etapa obrigatória para acessar diversos auxílios federais — também teve crescimento expressivo: de 6 mil em dezembro de 2019 para 34,8 mil em março de 2025. Novamente, os venezuelanos representam a maior parte, com um salto de 226 para mais de 14 mil inscritos no período.

Fontes da Polícia Federal em Pacaraima (RR), na fronteira com a Venezuela, relatam um fenômeno preocupante: muitos imigrantes cruzariam a fronteira apenas para se registrar nos programas sociais, retornando ao país de origem com os valores pagos pelo governo brasileiro.

A suspeita de fraudes já está sob investigação. No início de 2025, a Polícia Federal deflagrou duas operações contra grupos que fraudavam o Benefício de Prestação Continuada (BPC-Loas), cumprindo 14 mandados de busca e apreensão. As investigações seguem em curso e podem se expandir para outros programas de transferência de renda.

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