O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras declarações sobre a relação da China com as potências ocidentais, em entrevista à revista americana The New Yorker, publicada nesta quinta-feira (8). Lula destacou os avanços econômicos e tecnológicos da China, especialmente no campo da Inteligência Artificial (IA), e se posicionou contra a possibilidade de uma nova "Guerra Fria" entre o país asiático e os Estados Unidos.
Em sua fala, o presidente afirmou: "Graças a Deus temos a China, que do ponto de vista tecnológico, é muito avançada e pode competir no mundo tecnológico da IA, dando-nos uma alternativa para este debate". Lula também apontou que a animosidade do Ocidente em relação à China está ligada aos ganhos do país no mercado global, especialmente no setor produtivo. Ele criticou a visão de que a ascensão chinesa à competitividade é uma ameaça, dizendo: "Agora que os chineses se tornaram competitivos, tornaram-se inimigos do mundo".
Lula lembrou das políticas de livre comércio defendidas por líderes como Ronald Reagan e Margaret Thatcher, que, segundo ele, contribuíram para o processo de globalização que permitiu à China se tornar um centro de produção. "A China começou a produzir tudo o que era produzido nos Estados Unidos e na Europa", disse, ressaltando que os chineses aprenderam a produzir produtos de qualidade comparável ou até superior aos ocidentais.
O presidente enfatizou a necessidade de diálogo entre as nações, especialmente em um mundo cada vez mais tecnologicamente e militarmente interconectado. "Não aceitamos a ideia de uma segunda Guerra Fria", declarou. "Aceitamos a ideia de que quanto mais semelhantes os países forem — tecnológica e militarmente — mais eles precisarão dialogar entre si, porque não tenho certeza se o planeta aguentará uma Terceira Guerra Mundial".
Na mesma data, Lula está em Moscou para um encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e para participar das cerimônias do 80º aniversário da vitória da antiga União Soviética sobre a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.
> Click aqui e receba notícias em primeira mão.
