Uma fotografia tirada dentro do Ministério da Previdência Social em janeiro de 2023 voltou a gerar turbulência no governo Lula e colocou o atual ministro da pasta, Wolney Queiroz (PDT), no centro de um dos maiores escândalos de corrupção recente. A imagem, revelada pelo portal Metrópoles, registra um encontro informal entre Wolney e o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, acusado pela Polícia Federal de operar um esquema bilionário de descontos ilegais em aposentadorias.
Segundo a PF, o esquema movimentou R$ 6,3 bilhões desde 2019 e envolveu distribuição de propinas, empresas de fachada, contratos simulados e até a doação de um Porsche à esposa de um dos investigados. A foto foi tirada antes da posse oficial de Wolney como secretário-executivo da Previdência, mas dentro do ministério em transição.
No registro também estão presentes três ex-dirigentes do INSS hoje investigados: Virgílio Oliveira Filho (então consultor jurídico do ministério), André Fidelis (ex-diretor de Benefícios) e Alexandre Guimarães (ex-diretor de Governança). Juntos, eles aparecem com mais de R$ 17 milhões em movimentações suspeitas. Só Virgílio teria recebido R$ 11,9 milhões, dos quais R$ 7,5 milhões vieram diretamente do lobista. A reunião não consta em agendas oficiais, mas foi publicada nas redes sociais de Wolney à época.
Em audiência no Senado no último dia 15, Wolney negou qualquer relação com os envolvidos. “Eu posso ter, eventualmente, me encontrado com alguns deles, não me lembro de tê-los recebido. Mas posso garantir que não tenho qualquer relação”, declarou ao senador Sergio Moro (União-PR).
Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (2), o ministro alegou que a reunião foi organizada por Virgílio Oliveira Filho, “sem sua anuência prévia sobre os participantes”. A publicação nas redes, segundo ele, seria uma demonstração de boa-fé.
“Minha conduta sempre foi pautada por transparência, integridade e compromisso com o interesse público”, diz a nota do ministro.
O caso tem repercussão dentro do Planalto, pois a reunião — embora anterior à posse formal — ocorreu dentro do ministério e com figuras centrais no esquema que resultou, entre outros efeitos, na queda do então ministro Carlos Lupi. O sucessor de Wolney na Secretaria-Executiva, Adroaldo da Cunha Portal, também se reuniu fora da agenda com o “Careca do INSS” em março de 2023, segundo sua própria confissão.
A justificativa oficial de Adroaldo é que o encontro tratava de taxas de juros do crédito consignado, tema de interesse das associações hoje investigadas.
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