Apontado como possível sucessor de Lula em 2026, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) enfrenta sua pior crise no governo. O aumento do IOF, anunciado e parcialmente recuado, gerou forte reação no Congresso, entre a população e no mercado financeiro — e colocou em xeque sua liderança na equipe econômica e viabilidade eleitoral.
A decisão de reajustar o IOF sobre operações de crédito, câmbio e seguros caiu como uma bomba dentro e fora do governo. O resultado foi um triplo desgaste para Haddad: enfraquecimento da interlocução com o Congresso, rejeição popular massiva nas redes sociais e perda de credibilidade junto ao mercado.
Um relatório da plataforma V-Tracker, feito a pedido do portal PlatôBR, analisou 5 mil publicações em dez redes sociais e revelou que 82,65% das menções ao ministro eram negativas — contra apenas 1,28% positivas. A inteligência artificial usada na análise identificou termos como “chantagem fiscal”, “incompetência” e “falta de transparência” dominando o debate digital.
Resistência interna no PT e fogo amigo
Apesar do abalo, Haddad ainda é visto como o principal nome do PT caso Lula opte por não disputar a reeleição em 2026. O ex-ministro José Dirceu já declarou apoio público ao seu nome. Mas o “fogo amigo” dentro do partido é intenso: setores da sigla o rejeitam, e ele acumula atritos com nomes influentes como o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Especialistas avaliam que o desgaste, embora significativo, não elimina Haddad do páreo. “A decisão vai depender da resposta do governo à crise com o Congresso e do desempenho da economia no fim do ano”, afirma o analista político Melilo Diniz.
Reveses acumulados
Essa não é a primeira vez que Haddad vira alvo de críticas por medidas impopulares. Em 2023, foi acusado de querer tributar compras internacionais de até US$ 50, na chamada “taxa das blusinhas”. Já no início de 2024, uma instrução da Receita que obrigava a informar transações via Pix de até R$ 5 mil mensais acabou revogada após forte repercussão negativa — e o prejuízo político também caiu sobre o ministro.
Aliados minimizam crise
Mesmo em meio à turbulência, aliados do ministro destacam os indicadores econômicos como seu trunfo: o PIB cresceu 1,4% no primeiro trimestre, com melhora no mercado de trabalho e no setor agrícola. Também lembram das conquistas como a PEC da Transição e o novo arcabouço fiscal.
Apesar do impacto no mercado — onde o episódio do IOF foi chamado de “desastroso” — analistas ainda enxergam Haddad como figura central para manter a credibilidade fiscal do governo. “Ruim com ele, pior sem ele”, resume um interlocutor.
A aposta agora é que Haddad consiga reconstruir as pontes com o Congresso e virar o jogo até o fim de 2025. Caso contrário, o “plano B” do PT pode acabar desidratado antes mesmo de ser posto à prova.
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